Chuva deixa tetraplégico ilhado em SP: "Água estava chegando ao colchão"
"Em uma hora e meia, a água subiu dois metros de altura. Eu estava com a minha cuidadora e tive de acalmá-la, porque ela tava entrando em pânico." É o que conta Everaldo José Ribeiro, morador da rua Agostinho Gomes, no Ipiranga, zona sul de São Paulo. Ele é tetraplégico há oito anos e teve sua casa invadida pela água após as fortes chuvas que atingiram a capital e região metropolitana entre a noite de ontem e a madrugada de hoje.
Ribeiro ficou ilhado e não pôde ser retirado pelos bombeiros. Segundo ele, sua cuidadora ficou quase coberta pela água por três horas e só conseguiu sair quando uma rede que estava no local foi levantada para ela pudesse se deitar. "Os bombeiros levantaram a minha cama com blocos de cerâmica, porque a água estava chegando ao meu colchão. Foi o que deu para fazer", conta.
O DJ perdeu ainda sua cadeira de rodas elétrica e um triciclo que estava sendo construído para ajudar em sua locomoção. Eles ficaram submersos e não funcionam mais.
Eletrodomésticos como geladeira, micro-ondas e televisão também ficaram danificados, assim como todos os seus equipamentos de trabalho. "Não é fácil ver a água subindo rápido, passando do limite, e as coisas caindo. Você ouvindo e não poder fazer nada", diz.
Seus amigos o ajudaram a limpar o local e vão tentar ver o que será possível recuperar. "Nem uma camisa eu tenho para vestir agora."
Fundador da Associação Nagib para Crianças e Adolescentes, também no Ipiranga, Ribeiro viu ainda outro prejuízo. Cerca de 5.000 livros que seriam usados para montar uma biblioteca comunitária se perderam. Um projetor para sessões de cinema na rua para crianças também não funciona mais. "Só vou mudar de sonho, mas a vida continua, é vida que segue."
Questionado se vai acionar a prefeitura para receber pelo que foi perdido, diz que não: "Não vai adiantar".
A tempestade que atingiu a Grande São Paulo deixou 12 mortos. Entre as vítimas está um bebê de um ano que não resistiu aos ferimentos após o desabamento da casa onde estava.
Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da Prefeitura de São Paulo, foram registrados 57,8 milímetros de chuva, a segunda maior marca para o mês de março em 24 anos de medição. O líder do ranking é de 29 de março de 2006, quando choveu 73,3 milímetros na capital.
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