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Suspeito disse a testemunha que assassino poupou sua irmã no massacre

Eduardo Lucizano*

Do UOL, em São Paulo

19/03/2019 11h55Atualizada em 19/03/2019 18h26

Uma testemunha ouvida pela polícia afirmou que o assassino Guilherme Taucci, 17, poupou a irmã do terceiro suspeito de envolvimento no massacre em Suzano durante a ação. O jovem de 17 anos foi apreendido hoje.

Segundo a testemunha, o suspeito afirmou por meio de mensagens que Taucci reconheceu sua irmã na escola e deixou a garota sair sem ser ferida. Os depoimentos coletados na investigação mostram, segundo a polícia, que o suspeito teria ajudado Taucci a planejar o atentado, mas que não sabia quando seria executado.

Taucci e Luiz Henrique de Castro mataram sete pessoas dentro da escola estadual Raul Brasil, em Suzano, no último dia 13. Antes, eles mataram o tio de Taucci em uma locadora de carros, perto da escola.

O caso está sob segredo de Justiça. O UOL obteve acesso à decisão da juíza Érica Marcelina Cruz, da 1ª Vara Criminal de Suzano, de apreender o adolescente e a novos elementos que embasaram a apreensão.

O advogado nomeado do suspeito, Marcelo Feller, orientou seu cliente e seus pais a ficarem em silêncio durante audiência hoje na Vara da Infância e da Juventude de Suzano. De acordo com defensor, ele disse não ter tido tempo para conhecer as acusações.

Para Feller, indicado pelo IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) a pedido da Defensoria Pública, o adolescente negou as acusações. "Isso foi um teatro processual", declarou.

O adolescente foi interrogado por cerca de duas horas no Fórum de Suzano na última sexta-feira (15). Antes, na quarta-feira (13), ele foi ouvido pela polícia. Na ocasião, ele teria dito que queria ter atuado na matança, mas que foi excluído pelos dois criminosos.

Em uma conversa pelo WhatsApp com uma pessoa não identificada pela polícia em 18 de outubro do ano passado, o suspeito relatou qual seria sua "estratégia para fazer o atentado" na escola Raul Brasil.

No dia do massacre, ele escreveu novamente para o contato desconhecido, pediu para apagar a conversa e disse não estar chocado com a tragédia. "É uma coisa que eu faria mesmo. Porém, minha irmã estava lá".

A juíza Érica Marcelina Cruz, da Vara da Infância e da Juventude, determinou a internação provisória do jovem por 45 dias em uma unidade da Fundação Casa, após pedido do promotor de Justiça Rafael do Val.

* Colaborou Luís Adorno e Nathan Lopes, do UOL, em São Paulo.