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Família de jovem morta no Paranoá contesta IML; vídeo mostra dupla na água

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

24/04/2019 12h42

A advogada da família de Natália Ribeiro dos Santos Costa, de 19 anos, contestou laudo divulgado pelo IML (Instituto Médico Legal) que apontou que a jovem morreu devido a asfixia por afogamento no lago Paranoá, em Brasília, em 31 de março, e afirmou também que deve encaminhar para o Ministério Público um pedido de reconstituição do caso.

A família defende que a universitária morreu após receber três socos de Wendel Yuri de Souza Caldas, última pessoa a ver a universitária com vida. A advogada Juliana Porcaro diz que incluirá imagens de câmeras de segurança de uma lanchonete que mostra Caldas chegando ao lado da namorada e de um grupo de amigos, cerca de 20 minutos depois do desaparecimento de Natália. Segundo a advogada, o vídeo mostra o que pode ter acontecido na tarde do dia 31 março.

"Ele faz o gesto de três socos e depois aponta para mordida, que foi deixada pela Natália no braço dele. As imagens do Clube Almirante Alexandrino (Caalex) mostram o rapaz andando abaixado no Lago. Ou seja, Wendel Yuri esperou a Natália se afogar e escondeu o corpo. As marcas de arrastamento não foram causadas pelo lago, mas porque ele arrastou a universitária para o fundo da água", diz Juliana.

A defesa da família divulgou ontem as imagens de uma câmera de segurança do clube onde ocorria um churrasco, que reuniu Natália, Caldas e amigos, que mostram os dois entrando no lago e nadando por menos de um minuto.

O vídeo mostra apenas Caldas saindo da água. O jovem retorna até a margem do lado, fica observando e volta ao lago por mais duas vezes. Ele chega, inclusive, a ir além do ponto em que o casal foi visto. Após dez minutos de vídeo, Caldas deixa o local e Natália não é mais vista. O corpo dela foi encontrado um dia depois.

Natália Ribeiro dos Santos foi encontrada morta em Brasília - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram
Desde o início, a Polícia Civil trata o caso como afogamento e liberou Caldas após o jovem depor por duas vezes. Além do laudo do IML, a polícia aponta que as marcas e escoriações que estavam no corpo da estudante aconteceram após a morte dela. Segundo o documento, a jovem não sofreu violência sexual e não estava com o nariz quebrado, como a família afirmou no enterro de Natália.

A defesa contesta as alegações do jovem. "Wendel Yuri não estava bêbado a ponto de não se lembrar de nada, como disse em depoimento à polícia. No vídeo da lanchonete percebemos claramente que ele estava são. O jovem entra sem ajuda de ninguém, lancha e vai ao banheiro. Tudo normal. Como então ele não se lembra de ver a Natália se afogando?", questiona Juliana.

Protesto Paranoá - Jéssica Nascimento/UOL - Jéssica Nascimento/UOL
24.abr.2019 - Família de Natália Costa faz protesto em frente à 5ª Delegacia de Polícia, no DF
Imagem: Jéssica Nascimento/UOL
A advogada acredita que o caso trata-se de um feminicídio. Já o defensor público André Praxedes, que atua na defesa de Caldas, afirma que a hipótese de homicídio já foi descartada. "É feminicídio quando a vítima e o suspeito se conhecem. Eles não tinham nenhum envolvimento, se conheceram apenas no dia do churrasco", explica Praxedes.

O delegado responsável pelo caso não quis comentar o assunto.

A família da jovem fez um protesto hoje em frente à 5ª Delegacia de Polícia, responsável pelo caso.

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