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Mulher morta após ser queimada com ácido pelo ex iria se casar em julho

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

10/05/2019 04h00

Cácia Regina da Silva estava a dois meses de realizar o sonho de se casar novamente. Mas não teve tempo. Ela morreu ontem de manhã, em Brasília, após ficar duas semanas internada por ter 45% do corpo queimado com ácido pelo ex-marido Júlio César Villa Nova.

De acordo com familiares ouvidos pelo UOL, Cácia namorava há três anos com o futuro marido e se casaria em julho. Ela havia se separado há quase uma década de Villa Nova, mas familiares da vítima dizem que ele não aceitava o fim do relacionamento. Em 25 de abril, o vigilante foi até a casa da ex-mulher, jogou ácido nela e ainda tentou atirar na vítima, mas não conseguiu, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal. Após o crime, Villa Nova cometeu suicídio.

Cácia e Villa Nova estavam separados há quase uma década - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Cácia e Villa Nova estavam separados há quase uma década
Imagem: Arquivo pessoal
Cácia foi internada no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) e chegou a receber implante de pele na última sexta-feira (3). Porém, desenvolveu um quadro de infecção, não resistiu aos ferimentos, decorrentes das queimaduras de terceiro grau que atingiram face, colo, tórax e membros superiores, e morreu na manhã de ontem.

Funcionária de uma concessionária, ela deixa duas filhas (uma de 27 anos e outra de 15 anos), sendo que a caçula era fruto do relacionamento com Villa Nova. As duas vão morar com um familiar, que prefere não se identificar. Segundo ele, o ex-casal morou junto por 16 anos. Depois que o relacionamento acabou, o homem ameaçava constantemente Cássia.

"Ela era uma mulher cheia de sonhos. Era muito feliz, alegre e adorava ajudar as pessoas. Trabalhava muito e vivia pra família. O Cássio via isso e não superava, não queria ver ela bem. Quando ele descobriu que ela iria se casar com o namorado, um homem maravilhoso, ele ficou louco", contou o familiar ao UOL.

Ácido usado em feminicídio no DF - Divulgação/Corpo de Bombeiros do DF - Divulgação/Corpo de Bombeiros do DF
Garrafa com ácido usado por Villa Nova para matar a ex-mulher em Brasília
Imagem: Divulgação/Corpo de Bombeiros do DF
De acordo com ele, Cácia tinha o sonho de ter uma casa própria e viajar com a família. Para isso, ela passou a fazer horas extras e ganhava mais do que o ex-marido. Isso também teria irritado o homem, que segundo os familiares, era machista e possessivo.

"Ele nunca aceitou que ela trabalhasse e ganhasse um pouco melhor que ele. Ela era muito trabalhadora, não parava um minuto. Queria mais, queria ter uma boa condição. Ele não aceitava. Nunca aceitou. Sempre ameaçava por mensagens ou até mesmo pessoalmente. Dizia que ela não iria ser feliz sem ele", comentou o familiar.

O crime

Imagens divulgadas pela Polícia Civil mostram Villa Nova se aproximando da casa da ex, em Nova Colina. Por volta das 20h, ele chega, olha por debaixo do portão e retorna para o carro.

Vinte minutos depois, ele volta pra casa com uma mochila nas costas, abre o portão e entra. Às 21h06, Cássia aparece correndo, abrindo o portão e indo para a rua desesperada em busca de ajuda. De acordo com a Polícia, Villa Nova cometeu suicídio em seguida.

Segundo a investigação, o vigilante de 55 anos teria sido demitido recentemente do shopping onde trabalhava e entrado em depressão.