Jovem morto após levar mata-leão evitava brigas e sonhava ser empresário
Um jovem calmo, que fazia questão de não entrar em brigas, com muita vontade de construir sua carreira profissional e que amava motos, a família e o futebol. É desta forma que amigos e familiares lembram de Miguel Barbosa, 24. Ele morreu na madrugada de ontem após sofrer um golpe de mata-leão em um bar em Ribeirão Preto.
A advogada Débora Oliveira foi uma das últimas pessoas a conversar com Miguel pelo aplicativo de mensagens WhatsApp. Antes da briga, o jovem havia mandado uma mensagem combinando de buscá-la em outro bar da cidade. Tirou uma foto para mostrar que estava na fila para pagar a conta e ir até o local combinado. A foto teria sido o estopim para a confusão que acabou com sua morte.
Como o flash estava ligado, um segurança, que ainda não foi identificado pelas autoridades, teria abordado Barbosa e pediu que a foto fosse apagada. A partir de então, começou uma grande confusão, com troca de empurrões e socos entre seguranças, o empreiteiro e outros frequentadores.
Pouco depois, o segurança Jonathan William Bento aparece e aplica um mata-leão no empreiteiro, retirando-o do local. Nesse momento, as imagens mostram que o empreiteiro estava consciente. A partir deste ponto, não há mais imagens de vídeo do caso. Testemunhas relatam que Barbosa conseguiu se desvencilhar do mata-leão, aplicou socos nos seguranças que tentavam contê-lo, mas sofreu um novo mata-leão. Dessa vez, a vítima ficou desacordada, foi levada a outra área do bar e só foi encaminhada ao hospital após ser localizada por amigos.
"Para mim está sendo muito difícil. Eu estava esperando e ele estava preocupado em me deixar sozinha. Ele tirou uma foto inocente. Por um gesto de cuidado, de preocupação comigo, houve esse final trágico. Saber que esse gesto tirou a vida dele é aterrorizante. Estou à base de remédios, tentando entender", conta Débora.
Ela relata que conheceu Miguel havia aproximadamente um ano, os dois passaram a ter um relacionamento amoroso nos últimos meses, mas não chegaram a assumir o namoro. "Há quatro meses, nós começamos a sair. Era um menino muito tranquilo. Amava moto, sempre falava da sua família, adorava o cachorro,chamado Poli. Era muito focado, queria conquistar os objetivos profissionais", destaca Débora, que ainda era colega de academia da vítima.
Paixão por futebol e motos
Torcedor do São Paulo, Miguel tinha Rogério Ceni como maior ídolo, ainda mais por atuar na mesma posição do ex-jogador. "Ele era goleiro, um cara bem tranquilo. Imagina um cara humilde, nunca brigou com ninguém. Também era um brincalhão, sempre entrava na zueira do futebol", lembra o vendedor Luiz Valladares, que jogava futebol com Miguel havia pouco mais de um ano. O encontro era sagrado e ocorria toda quinta-feira, das 19h40 às 20h40, algumas vezes se estendendo para uma cervejinha.
Outra característica é a paixão pelas motos. Cunhado de Miguel, Tiago Silva conta que ele adorava dirigir e, muitas vezes, pegava a estrada. "A paixão dele era a moto. Ele gostava de dirigir, gostava de cuidar, era fissurado", destaca. Nas redes sociais, era comum ver Miguel posando com motos.
Vizinho da família, Ademir Cescati conhecia Miguel desde que ele tinha oito anos de idade. Segundo ele, era um menino que sempre falava com os vizinhos e sonhava em ter a sua própria empresa. "Era um menino que sempre falava com a gente, que a gente via que queria crescer. Trabalhou desde cedo, estava sempre buscando coisas boas", explica.
Débora conta que Miguel começava a realizar este sonho, aproveitando os contatos que havia criado ao trabalhar com o pai em uma metalúrgica. "Ele havia trabalhado com o pai na área de fabricação e instalação de correias para grandes máquinas. Como já estava no ramo e já tinha alguns clientes particulares, começou a atender somente os clientes particulares. Ele tinha a equipe dele. Era muito trabalho, mas era uma coisa que o deixava feliz, realizado mesmo", diz.
A vontade de vencer profissionalmente, segundo Débora, era um grande diferencial. "Por diversas vezes, a gente nem saia, porque ele estava muito focado no trabalho", afirma. Primo de Miguel, Marcos da Silva concorda. "Ele estava começando a vida empresarial, tinha muitos planos de expandir", conta.
"Não se envolvia em confusão"
Outro ponto comum no relato de todos os amigos e parentes ouvidos pelo UOL é que Miguel evitava participar se envolver em confusões. "Ele sempre separava briga, quando acontecia alguma confusão com gente que ele conhecia. E fazia questão de não se envolver em confusões", afirma Débora.
Luiz também lembra que o amigo não costumava consumir bebidas alcoólicas. ""Tomava muito pouco, mas sempre ficava com a galera na resenha depois do jogo. Em um ano que jogamos juntos, nem discutir com outros jogadores, que é uma coisa normal, eu vi".
O crime
Suspeito de ser o responsável pela morte de Miguel, Jonathan William Bento foi preso em flagrante na manhã de ontem. Ele foi acusado de homicídio doloso (quando há intenção de matar) pelas autoridades policiais.
Segundo Diego Alvim, advogado que representa o segurança, o caso tratou-se de uma fatalidade. "Meu cliente tentou imobilizar o Miguel para evitar que a briga continuasse. Não teve qualquer intenção de matá-lo, portanto discordamos da posição da polícia e vamos tentar desqualificar essa tipificação", afirma.
Já Julio Mossim, que representa o bar, informou que ainda irá tomar conhecimento das imagens e que o bar irá colaborar totalmente com as investigações.
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