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Suspeito de estupro em hospital é investigado por atacar mulher de 82 anos

29.mai.2019 - Suspeito de estuprar jovem no Hospital Goiânia Leste se apresenta à polícia - Reprodução/Polícia Civil de Goiás
29.mai.2019 - Suspeito de estuprar jovem no Hospital Goiânia Leste se apresenta à polícia Imagem: Reprodução/Polícia Civil de Goiás

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

30/05/2019 14h35

O técnico de enfermagem Ildson Custódio Bastos, 41, suspeito de estuprar uma universitária de 21 anos, que estava internada no Hospítal Goiânia Leite, em Goiânia (GO), foi alvo de uma nova denúncia de estupro. A família de uma idosa de 82 anos procurou a Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher) para revelar que ela foi vítima do suspeito também nas dependências do hospital.

A procura ocorreu após a divulgação do caso da universitária, que morreu nove dias após relatar o estupro a uma técnica em enfermagem. A exemplo da jovem, a idosa morreu depois de relatar o ocorrido a familiares. A delegada Paula Meotti, responsável pela investigação, nega relação nos dois casos entre o estupro e a morte das vítimas.

"A neta dela (a idosa de 82 anos) nos procurou com uma narrativa muito similar ao que aconteceu com a jovem. Ela contou que a avó reclamou muito da forma como foi tratada por Bastos, que se referia a ela com palavras pejorativas. Segundo a neta, a avó relatou que, ao fazer as trocas no hospital, o suspeito teria tocado em suas genitais de forma inconveniente e inadequada. A avó teria ficado abalada. Cinco dias depois, essa senhora morreu. Não há relação da morte com este possível abuso, mas o que não sabemos é se o emocional dessa idosa foi afetado", diz a delegada.

A denúncia do caso da idosa, que teria ocorrido em dezembro do ano passado, está sob investigação da Polícia Civil. Outras possíveis vítimas teriam procurado a Deam informalmente. "Conversei com algumas mulheres informalmente que acreditavam ter sofrido abuso por parte desse técnico de enfermagem, mas ficaram em dúvida porque, muitas vezes, estavam em situação de sedação", explica Paula.

Ontem, a delegada confirmou que imagens das câmeras de segurança que houve o estupro da universitária. Segundo a policial, as imagens mostram o suspeito passando a mão nas partes íntimas da jovem. O estupro ocorreu na madrugada do dia 17 de maio e durou cerca de uma hora.

Ainda de acordo com a delegada, o vídeo indica que a vítima tentou resistir, mas não conseguiu, pois estava com as mãos amarradas.

Paula reafirma que não há relação entre a morte da jovem e o estupro, mas que houve uma piora no quadro de saúde da vítima após o abuso. "Aparentemente, não há nenhuma ligação, tampouco pelo laudo do IML, que ainda não está pronto. Mas, no aspecto emocional da vítima, não temos como afirmar. Houve piora no quadro de saúde da jovem após o ocorrido, até ela vir a óbito", diz a delegada.

Velório de universitária interrompido

A denúncia de estupro fez com que o velório da universitária fosse interrompido para que um exame cadavérico fosse feito no corpo. A família só foi avisada pelo hospital sobre a denúncia de estupro durante o velório. Em um primeiro momento, o hospital havia dito que relatou o caso à família assim que houve a denúncia, nove dias antes da morte. Hoje, o Goiânia Leste mudou a versão e confirmou que a família não sabia do ocorrido.

"Foi tudo muito rápido e fizemos a investigação sem ouvir a família, então, realmente tivemos que produzir o laudo. Até então, a família não havia sido informada sobre o abuso", declara a delegada. O hospital confirmou a informação em nota.

Outro lado

Procurado pela reportagem, o Hospital Goiânia Leste se manifestou por meio de nota sobre o suposto abuso da idosa de 82 anos.

"A empresa, consternada, tomou conhecimento pela imprensa da notícia de paciente, de 82 anos de idade, que teria sido molestada em suas dependências. A empresa ainda não obteve a informação do nome da paciente, mas assim que informada prestará às autoridades os esclarecimentos necessários", diz o texto. "O compromisso da empresa é com a verdade e proteção dos pacientes; por isso, tem tomado, nos prazos e momentos adequados, todas as providências de sua alçada, sempre observando o sigilo médico e o respeito aos pacientes e seus familiares", prossegue o comunicado.

Sobre o fato de ter previamente informado que teria falado com os familiares da jovem sobre o abuso, o hospital disse que "a empresa esclarece que assim que tomou conhecimento dos fatos relacionados à paciente imediatamente afastou seu colaborador, técnico de enfermagem, de suas atividades e iniciou procedimento interno de apuração. Constados os reais indícios de crime comunicou o fato a Polícia Civil, que pediu sigilo a fim de que as investigações não fossem prejudicadas. Somente após o sepultamento da paciente e da divulgação do suposto crime é que seu corpo técnico, de forma reservada, informou aos familiares as providências que já haviam sido tomadas", diz.

O UOL procurou a defesa do técnico em enfermagem apontado como responsável pelos abusos, mas o advogado não foi localizado para comentar as denúncias. Ele se entregou na manhã de ontem à polícia e está preso.