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Agentes são presos por facilitarem rebelião com 58 mortos no Pará

Aliny Gama

Colaboração para UOL, de Maceió

03/09/2019 13h20

Dois agentes penitenciários foram presos hoje pela Polícia Civil do Pará suspeitos de facilitarem ações de membros de uma facção criminosa responsável pela rebelião que matou 58 presos no Centro de Recuperação Regional de Altamira (CRRALT), sudoeste do Pará, no último dia 29 de julho.

Entre os 58 mortos, 16 foram decapitados. O governo do Estado admitiu que a rebelião ocorreu por disputa entre facções criminosas Comando Classe A (CCA) e o Comando Vermelho. Os presos assassinados pertenciam à CCA.

Os agentes penitenciários Diego Leonel Baía e Willian Costa da Silva foram presos temporariamente, hoje, durante a segunda parte da operação "Eclusa", da Polícia Civil do Pará. Eles foram indiciados em inquérito policial que investiga participação de agentes penitenciários na rebelião mais sangrenta do Estado.

A polícia apreendeu telefones celulares que passarão por perícia para descobrir se houve troca de mensagens entre os agentes e membros do grupo criminoso.

A polícia informou que as investigações revelaram que as condutas dos agentes penitenciários facilitaram a ocorrência da rebelião. As investigações detectaram erros procedimentais, sendo assim, foi concluído que os suspeitos "acabaram por assumir risco das ocorrências de motim e, por consequência, das mortes."

Na primeira parte da operação Eclusa, outros 15 presos, apontados como líderes da rebelião, foram autuados em flagrante apontados como responsáveis pelas mortes. Após essa fase, a polícia começou a investigar a suposta participação de agentes públicos na rebelião e, hoje, prendeu os dois suspeitos em cumprimento a mandado de prisão expedido pela comarca de Altamira.

A Polícia Civil informou que foram abertos dois inquéritos policiais sobre o caso. O primeiro já foi concluído e foram apuradas as condutas dos internos rebelados. "As investigações foram concluídas com o indiciamento de 84 internos acusados de diretamente estarem ligados à organização criminosa que liderou o motim e que foi responsável pelas 58 mortes", informou a polícia. Esse inquérito resultou na abertura do segundo inquérito, que está em andamento.

"No segundo inquérito, está sendo apurada participação ou facilitação por parte de agentes penitenciários na ocorrência do motim e, em consequência, das mortes dos internos", explicou a polícia, destacando que baseado nas provas já levantadas, os dois agentes penitenciários tiveram os mandados de prisão decretados pela Justiça.

A operação foi deflagrada, por volta de 6 horas da manhã, sob coordenação do delegado José Humberto Melo Junior, titular da DPI (Diretoria de Polícia do Interior), e contou com equipes de policiais civis da DPI, da Superintendência Regional do Xingu, da Seccional Urbana de Altamira e da Delegacia de Homicídios local. A operação contou ainda com apoio do Serviço de Inteligência da Susipe (Superintendência do Sistema Penitenciário).

O UOL tentou localizar os advogados dos agentes penitenciários, no final da manhã de hoje, mas não conseguiu.