Adolescente morre após ingestão de cocaína; família acusa policiais
A Polícia Militar (PM) do Paraná abriu ontem um inquérito para apurar uma abordagem ocorrida na sexta-feira (18), em Curitiba, que teria causado a morte do adolescente Matheus Gmach, de 16 anos. A família aponta que dois policiais o obrigaram a ingerir 16 cápsulas de cocaína para liberá-lo, gerando uma crise de overdose. Os militares estão afastados das funções enquanto a investigação elucida a denúncia.
O caso resultou em um protesto de familiares e amigos do adolescente no bairro Tatuquara, próximo onde ocorreu a abordagem, para pressionar pela isenção na apuração da morte.
Segundo o irmão do adolescente, Rogério Gmach, de 27 anos, a abordagem aconteceu por volta de 11h30 de sexta-feira, quando Matheus saiu de casa com mais dois amigos também menores de idade. Ainda na rua da residência, a PM abordou o trio.
Antes de serem revistados, de acordo com os familiares, um dos menores que acompanhava Matheus jogou 16 cápsulas de cocaínas no chão. Os policiais teriam ordenado que o adolescente engolisse toda a droga para que pudesse liberar o trio.
"Dois amigos o chamaram para sair. Na esquina de casa, a Polícia Militar os abordou, dando a geral neles. Acharam cocaína no chão e o fizeram engolir. Essa droga estava com os amigos. Na hora da abordagem, os amigos quem jogaram no chão. Ele retornou para casa e contou para nossa irmã, bebeu uma água e logo começou a sofrer a consequência", disse o irmão da vítima.
Minutos depois de entrar em casa, Matheus passou mal e foi levado ao Hospital Evangélico Mackenzie, em estado grave. Ele sofreu sete paradas cardíacas entre sexta-feira e a manhã de sábado (19) em decorrência das cápsulas engolidas. O sepultamento ocorreu no domingo (20).
A Polícia Civil também abriu um inquérito criminal para apurar a morte do adolescente. Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) é que deverá confirmar se Matheus ingeriu as cápsulas antes ou depois da abordagem policial.
Matheus Gmach tinha passagem pela polícia pela infração análoga a tráfico de drogas, de acordo com o irmão. Ele cursava a quinta série do ensino fundamental e era o mais novo de oito filhos.
De acordo com a PM, o rastreamento por GPS das viaturas confirmaram a abordagem policial no local informado pela família no mesmo horário. Ação durou apenas três minutos antes de a viatura se deslocar para outra ocorrência.
Os dois policiais envolvidos no caso são lotados no 13 Batalhão de Polícia Militar. A denúncia é considerada "muito grave" pelo comandante, tenente-coronel Carlos Roberto Assunção. A Corregedoria-Geral da PM e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público (MP) do Paraná acompanham a apuração dos fatos.
"Tomamos as medidas de praxe para apurar como aconteceu essa abordagem e oficiamos a Corregedoria-Geral da PM e o GAECO porque, de fato, a denúncia é muito grave", disse o comandante.
A PM não quis detalhar sobre o caso porque ainda realiza diligências iniciais para colher informações sobre a morte do adolescente. O inquérito deve durar 30 dias.
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