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Bebê cai de incubadora destravada de maternidade; mãe diz que foi enganada

Bebê rola da incubadora e cai no chão em maternidade do Pará - Reprodução/TV Globo
Bebê rola da incubadora e cai no chão em maternidade do Pará Imagem: Reprodução/TV Globo

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

28/10/2019 18h55Atualizada em 28/10/2019 21h27

Uma bebê prematura caiu da incubadora da UTINeo (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal) do Hospital e Maternidade Saúde da Criança, localizado em Belém, e sofreu traumatismo craniano, após o equipamento não ser corretamente travado por uma enfermeira. O caso ocorreu no dia 7 de maio, mas apenas ontem se tornou público após uma reportagem do Fantástico, da TV Globo. A bebê sobreviveu e, até agora, não apresentou sequelas.

A polícia investiga o caso e já colheu depoimento dos pais e profissionais da maternidade que estavam na UTINeo no momento da queda. A família ingressou com ação civil pedindo indenização na Justiça e uma representação criminal para que a polícia investigue as responsabilidades criminais da maternidade.

Imagens do circuito interno da maternidade mostram que a bebê ficou 34 minutos dentro da incubadora, depois que uma técnica de enfermagem fechou apenas uma das duas travas da porta lateral do equipamento. O vídeo mostra que em um momento, a menina se mexeu, a porta da incubadora se abriu e ela rolou, caindo de cabeça no chão.

A menina estava internada havia dois meses, com problemas de refluxo. A mãe chegou à UTINeo pouco tempo depois e os profissionais de saúde tentaram encobrir que a bebê tinha caído da incubadora.

"Vi que todo mundo estava totalmente diferente, as técnicas muito assustadas, uma delas com a criança no colo numa posição que não dava para eu ver a cabeça. Quando ela virou a criança, eu vi o edema e perguntei: pelo amor de Deus, o que foi isso? A minha filha caiu no chão? A técnica disse que não tinha acontecido nada, que ela encostou na portinha da isolete na cabeça da minha filha e formou aquele edema. Eu fui perguntar à médica e ela disse: 'mãe, eu não vi nada, não sei o que aconteceu. Vá na sala dos médicos e vá perguntar'. Alguém me falou que a minha filha não bateu a cabeça na isolete, que ela caiu no chão, bateu de cabeça e fez um estrondo horrível", contou Jéssica Machado ao Fantástico.

O impacto da queda causou um hematoma na cabeça da menina. Ela precisou ser transferida de urgência para outro hospital para se submeter a exames de tomografia.

Segundo o advogado da família da bebê, Michell Durans, a menina foi submetida a perícia, que constatou uma fratura craniana de grande extensão. "Os médicos que estão acompanhando disseram que não têm como mensurar sequelas, se poderão surgir. A perícia detectou que, com a fratura, a criança correu risco de morte", explicou ao UOL.

Apesar do ferimento causado no crânio da bebê, até agora, segundo a família, ela não apresentou sequelas do trauma. Atualmente, a menina está com oito meses de idade.

O advogado também afirmou que o hospital tentou esconder a queda "de todas as formas", inclusive demorando a entregar cópias dos prontuários e "suprimindo informações".

"As imagens foram conseguidas pelo pai, de imediato, logo após o momento da queda, porque a família queria entender o que realmente aconteceu. O hospital não tinha dimensão do caso e cedeu as imagens, mas depois tentou, de todas as formas, encobrir a queda e a entrega de prontuários, suprimindo todas as informações necessárias. As imagens falam por si só", disse o advogado.

Polícia investiga o caso

A seccional de Polícia Civil do Comércio, em Belém, investiga o caso. Não há prazo definido para conclusão do inquérito. Os pais da bebê, a médica e a enfermeira chefe da UTINeo da maternidade já foram ouvidos.

A Polícia Civil informou que ainda são aguardadas outras informações e documentos solicitados à maternidade, como prontuários de atendimento, de entrada na UTI e do resgate da criança após a queda.

Hospital diz que agiu com "total transparência"

O Hospital e Maternidade Saúde da Criança informou que não prestará informações sobre tratamentos ou execução deles ocorridos na instituição para manter a privacidade dos pacientes e equipe técnica. A maternidade afirmou que se encontra "regular" com todas as exigências legais para pleno funcionamento e que agiu com "transparência" no caso relatado.

"Logo, não discutirá qualquer incidente, apenas esclarecendo que a instituição agiu, como habitualmente, com total transparência, tendo sido prestada toda a assistência médica e psicológica necessária, através de avaliações e exames médicos, tudo com o devido acompanhamento da família, até a alta médica da paciente", disse em nota a maternidade.