Com calote de R$ 20 milhões, combate a enchentes do Rio deve parar
Resumo da notícia
- Associação de empresas de engenharia diz que dívida da prefeitura ultrapassa R$ 20 mi
- A entidade recomendou que as prestadoras de serviço paralisem os trabalhos
- Manutenção da rede de drenagem e contenção de encostas devem ser afetadas
As empresas de engenharia que fazem a manutenção da rede de drenagem da cidade do Rio de Janeiro devem parar os serviços imediatamente após a prefeitura ter suspendido ontem todos os seus pagamentos e movimentações financeiras por tempo indeterminado. Segundo estimativa da Aeerj (Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro), a dívida da gestão de Marcelo Crivella (Republicanos) com as prestadoras de serviço já passa de R$ 20 milhões.
Historicamente, durante o verão —que começa oficialmente neste domingo (22)—, o Rio sofre com temporais que provocam enchentes e deslizamentos. Por isso, a prefeitura costuma intensificar a manutenção do sistema de drenagem em dezembro. Segundo Luiz Fernando Santos Reis, presidente da Aeerj, a entidade recomendou a suspensão dos trabalhos para evitar novos passivos.
"Acho que quem não acatar é maluco", resumiu.
Segundo ele, a resolução da Secretaria Municipal de Fazenda que suspendeu os pagamentos representou uma quebra de palavra de Crivella. O representante do setor diz que o prefeito havia prometido, em reunião no dia 6 de dezembro, retomar os pagamentos justamente ontem.
"O prefeito pediu que as empresas esperassem e tivessem paciência. É um descrédito total e a gente não sabe o que fazer. São 60 mil funcionários que podem ficar sem salário e 13º", relata.
Além da manutenção da drenagem, outro ponto essencial para a cidade lidar com as chuvas de verão também deve ser afetado. De acordo com Reis, há débitos milionários com as empreiteiras que realizam obras de contenção de encostas.
"As empresas que fazem as obras emergenciais nas encostas da avenida Niemeyer têm contrato de R$ 40 milhões. Embora já tenham realizado 85% dos serviços, só receberam R$ 6,2 milhões. Como vão continuar se não recebem?", questiona.
Ele afirma que um calote prolongado da prefeitura pode levar muitas empresas de engenharia à falência.
O vereador Tarcísio Motta (PSOL), que presidiu uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre as enchentes na cidade, crê que a interrupção dos serviços vai agravar ainda mais os problemas da cidade para lidar com chuvas de verão —neste ano, o Rio voltou a ter múltiplos casos de mortes em quedas de encostas e alagamentos, o que não ocorria há algum tempo.
"Com o corte de recursos, as obras de contenção que não foram feitas, a limpeza dos bueiros que não foi realizada e as obras de drenagem que não estão acontecendo aumentam ainda mais o risco para a população. Amplia ainda mais a chance de mortes e desastres", critica.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa do prefeito Marcelo Crivella, mas ainda não obteve resposta.
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