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Suspeito de ataque à sede do Porta dos Fundos entra para lista da Interpol

Eduardo Fauzi - Portal dos Procurados
Eduardo Fauzi Imagem: Portal dos Procurados

Gabriel Sabóia

DO UOL, no Rio

08/01/2020 13h37

Resumo da notícia

  • Suspeito de participar do ataque à sede do Porta dos Fundos tem nome incluído na lista de difusão vermelha da Interpol
  • Agora Eduardo Fauzi pode ser preso pela polícia da Rússia, onde se encontra foragido
  • Em entrevista recente, ele afirmou que não teme ser preso

O nome do empresário Eduardo Fauzi Richard Cerquise, suspeito de participar do ataque com coquetéis molotov à sede da produtora Porta dos Fundos, na véspera do Natal, foi incluído a pedido da PF (Polícia Federal) na lista de difusão vermelha da Interpol (polícia internacional).

Desta forma, Fauzi pode ser preso pela polícia da Rússia, onde ele se encontra foragido desde o dia 31 de dezembro —data em que a polícia fluminense tentou cumprir mandado de prisão expedido pela Justiça. O suspeito embarcou para o país europeu, antes disso, no último dia 29.

De acordo com a Polícia Civil, ao menos quatro homens participaram da ação, em que foram lançados coquetéis molotov contra o prédio. As chamas foram contidas por um funcionário do grupo.

Os criminosos usaram dois veículos — um carro e uma moto — e estavam encapuzados no momento do ataque. Apenas Fauzi estava com o rosto descoberto.

Além da 10ª DP, outros setores da Polícia Civil do Rio participam da apuração do caso, assim como a Perícia Técnica e a DRCI (Delegacia de Repressão a Crimes de Informática).

Um grupo neofascista reivindicou a autoria do ataque na ocasião. Eles divulgaram imagens de três homens encapuzados lançando os artefatos contra a fachada do imóvel. Segundo os militantes de extrema-direita, a ação é uma retaliação ao filme "A Primeira Tentação de Cristo", que estreou em dezembro na plataforma de streaming Netflix (trailer no final desta reportagem).

Na obra, Jesus, vivido pelo comediante Gregório Duvivier, é retratado como um homem gay. A sátira provocou reações de políticos, ativistas e movimentos conservadores e ligados a igrejas.

Ontem, o Jornal O Globo informou que o Itamaraty está em contato com autoridades da Rússia para dar início aos trâmites do pedido de extradição de Fauzi. De acordo com a publicação, a extradição deverá ocorrer nos próximos dias.

Segundo o jornal, após receber a solicitação do juiz responsável pelo caso, o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, analisou o pedido da documentação de extradição.

Procurado pelo UOL, o Ministério das Relações Exteriores informou não ter recebido do Ministério da Justiça pedido de extradição relativo a Fauzi e negou ter entrado em contato com autoridades russas a esse respeito.

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Fauzi diz a site que não teme ser preso

Na última semana, Fauzi deu a primeira entrevista desde que fugiu para a Rússia ao site Projeto Colabora. Ele afirmou que não tem medo de ser preso. "Evidentemente, cadeia é uma experiência complexa e que tem potenciais desdobramentos terríveis, mas eu não me assusto com a ideia. Eu já fui preso antes e pude extrair algum aprendizado do evento", afirmou.

Fauzi afirmou que tem uma namorada na Rússia com quem tem um filho e que pretende pedir asilo no país. O suspeito contou que recebeu informações sobre seu pedido de prisão e fugiu antes de ser pego pela polícia. "Fui conectado o suficiente pra ser avisado do mandado a tempo de viajar pra fora do país", disse.

Além do ataque à produtora, Fauzi possui uma longa ficha criminal que inclui crimes como ameaça, lesão corporal, desacato, extorsão e Lei Maria da Penha. Mesmo assim, garante que não é criminoso e sim "combativo" e que todas as investigações contra ele são de situações onde ele foi vítima da violência policial.

"A minha única condenação é pelo episódio da agressão contra o então secretário de Ordem Pública, Alex Costa. Fora este, eu não tenho nenhum outro processo criminal contra mim. Nenhum. Nada. Zero", diz.

Ao fim da entrevista, Fauzi criticou a Frente Integralista Brasileira (FIB), movimento considerado de extrema-direita, no qual ele militou por 10 anos.

"Eu acho mesmo que [os membros da FIB] usarem o epíteto de soldados de Deus para si, quando não são soldados e não lutam contra nada de opressor, é cruel, é pecado e equivale a usar o Seu Santo nome em vão", encerra.

Veja o trailer do especial de Natal do Porta dos Fundos:

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