Cedae vai retomar obra engavetada por 10 anos que evitaria crise da água
Após 17 dias de crise no fornecimento de água para 9 milhões de pessoas na Região Metropolitana do Rio, a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), empresa pública responsável pelo abastecimento do Rio, anunciou que irá abrir licitação para realizar as obras de proteção da tomada de água da ETA (Estação de Tratamento de Água) Guandu. A decisão ocorre quatro dias depois de o UOL revelar que a Cedae engavetava há dez anos o projeto, que evitaria a proliferação das cianobactérias responsáveis pela liberação da geosmina —substância que tem deixado a água com gosto e odor terrosos.
De acordo com especialistas, a proliferação de cianobactérias é propiciada pelo grande volume de esgoto despejado perto da área de captação da ETA do Rio Guandu. O projeto consistia na "construção de um dique associado a estruturas hidráulicas de desvio", que impediriam a chegada do esgoto dos afluentes do Rio Guandu à lagoa de captação de água para a estação. A obra, contudo, não substitui a necessidade de tratamento do esgoto.
Apenas os rios Queimados e Ipiranga —afluentes do Guandu que cortam a baixada— recebem diariamente 1,1 tonelada de matéria orgânica proveniente de esgoto. Isso equivale a 56 milhões de litros de esgoto por dia. A cada oito meses, a bacia do Guandu recebe o equivalente em esgoto da lama despejada pela barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG).
De acordo com a Cedae, o projeto está atualmente orçado em R$ 90 milhões. Após o término da licitação, a empresa contratada deve terminar o serviço em 720 dias. Segundo o comunicado da companhia, "a atual gestão identificou a necessidade urgente da obra, não executada em gestões anteriores, para garantir a segurança operacional da captação da ETA Guandu e do Novo Guandu, em fase de projeto executivo. Avaliação realizada pelo corpo técnico da Companhia constatou que, caso a medida não seja adotada, a implantação do projeto Novo Guandu ficará comprometida, uma vez que a nova estação utilizará o mesmo ponto de captação".
Como mostrou o UOL, o projeto foi incluído no Plano Estratégico de Recurso Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim, de 2006. Em 2009, foram concluídos os estudos de impacto ambiental para a realização da obra —considerada emergencial àquela altura. A licitação só foi concluída em 2013, a um custo de R$ 33 milhões.
Porém, o MPF afirmou em ação civil pública iniciada em 2018 que o contrato com a Construtora Metropolitana, empreiteira contratada para realizar a obra, foi rompido em março de 2015. A justificativa para o fim do contrato foi a necessidade de atualização dos valores do projeto por conta da demora desde que ele foi orçado. O valor precisaria ser reajustado em R$ 50 milhões —superando o limite permitido pela Lei de Licitações.
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