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Prisão indica expansão territorial da maior milícia do Rio para a Baixada

PRF prende integrantes de milícia que atua na zona oeste do Rio com armas, munições e grande quantia em dinheiro - PRF
PRF prende integrantes de milícia que atua na zona oeste do Rio com armas, munições e grande quantia em dinheiro Imagem: PRF

Herculano Barreto Filho*

Do UOL, no Rio

02/02/2020 18h25

Resumo da notícia

  • PRF capturou três milicianos com armas, colete e roupas camufladas em carro roubado
  • Local onde trio foi preso indica avanço de maior milícia do país para a Baixada
  • Ecko, o chefão do grupo, foi incluído na lista dos criminosos mais procurados do país

A prisão de três homens acusados de integrar a maior milícia do país, a Firma (ou Bonde do Ecko, antiga Liga da Justiça) em uma estrada do RJ no sábado à noite (1º), mostra que esses grupos criminosos estão expandindo sua área de atuação, diz a Polícia Civil.

Os suspeitos foram detidos pela Polícia Rodoviária Federal em um carro roubado com placas clonadas. Com armas, colete à prova de balas, uniformes camuflados e R$ 23 mil em dinheiro, eles circulavam em Seropédica (RJ) pela BR-465. A quadrilha tem entre seus líderes Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko, que entrou na lista dos criminosos mais procurados do país, feita pelo Ministério da Justiça.

Para as autoridades, o episódio reforça a tese de expansão territorial do grupo para os municípios da Baixada, responsável por um faturamento de mais de R$ 10 milhões por mês, segundo estimativa feita pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro).

O trecho de mais de 18 quilômetros da rodovia, que liga a capital fluminense aos municípios da Baixada, é monitorado diariamente por olheiros da organização, segundo a Polícia Civil. Milicianos também fazem rondas pelo local com carros adaptados, com fuzis exibidos para fora.

"As prisões revelam mais uma característica da organização criminosa, que tem uma atuação orquestrada e interligada a outros municípios na Baixada", analisa o delegado Thiago Neves, da unidade da Polícia Civil que investiga lavagem de dinheiro e corrupção em inquéritos envolvendo a milícia.

Série de reportagens mostra avanço das milícias

O UOL publica uma série de reportagens onde revela o avanço desses grupos para a Baixada em ações marcadas pela violência, como o ritual de iniciação com sessões de tortura, assassinato, esquartejamento e ocultação de cadáver em cemitérios clandestinos. O grupo também é investigado pela infiltração na política e na própria polícia para expulsar rivais.

A reportagem apurou a identidade de um dos presos, que dirigia o veículo, conhecido na organização pelo perfil violento. Bruno Eduardo de Andrade Gomes, o Xang Li, foi citado na primeira matéria da série sobre a expansão do grupo.

Ele também é suspeito de ter participado de uma sessão de tortura há cinco anos na Favela do Aço, em Santa Cruz, zona oeste carioca. A vítima só não morreu porque foi salva por policiais em operação no local.

Bruno estava foragido da Justiça desde fevereiro do ano passado, quando teve prisão preventiva decretada pela 1ª Vara Criminal de Santa Cruz pelo crime de organização criminosa, após investigação feita pelo departamento da Polícia Civil que investiga lavagem de dinheiro.

Região é usada como refúgio de chefões do crime

Seropédica (RJ), onde agentes da PRF capturaram os três milicianos ontem à noite, é o município da Baixada mais afastado do Rio. Segundo a polícia, sítios da região costumam ser usados por chefões da quadrilha para escapar do radar das autoridades.

Entre eles, Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko, que teve o nome incluído na lista dos criminosos mais procurados do país divulgada na quinta-feira (30) pelo Ministério da Justiça.

No mesmo dia em que Ecko passou a figurar na lista divulgada pelo governo federal, uma operação em conjunto entre a Polícia Civil e o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) batizada de "Intocáveis II" foi responsável pela prisão de mais de 30 pessoas acusadas de integrar o grupo — incluindo três policiais civis e cinco policiais militares.

Entre os detidos, estava o agente Jorge Luiz Camilo Alves, da 16ª DP (Barra da Tijuca). Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça durante a investigação revelaram conversas entre ele e Ronnie Lessa, preso acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.

*Com Estadão Conteúdo