Entidades falam em colapso do transporte coletivo e pedem ajuda ao governo
Três entidades ligadas ao transporte coletivo urbano assinaram um documento no qual alertam para a possibilidade de colapso no sistema por causa da pandemia do novo coronavírus, inclusive afirmando que o serviço corre risco de ser paralisado a partir da próxima terça-feira (7) data em que deverão ser pagos os salários dos funcionários das empresas que operam as frotas.
A NTU (Associação Nacional de Transportes Urbanos), a ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana pedem no documento, que foi entregue pela Frente Nacional de Prefeitos ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a criação de um programa do governo federal para auxiliar essas empresas a manter o funcionamento.
As entidades querem do governo uma ação que batizaram de "Programa Transporte Social". Elas alegam que seria preciso um investimento mensal de R$ 2,5 bilhões que seriam usados para a compra de créditos eletrônicos de passagens, mantendo, assim, a entrada de dinheiro nas empresas de transporte coletivo urbano que estão lidando com redução de passageiros por causa da covid-19.
A ideia, segundo o presidente da NTU, Otávio Cunha, é que cada crédito seja equivalente a uma tarifa vigente dentro de cada cidade. O governo federal poderia usar esses créditos como um estoque de passagens, que seria empregado durante e também depois da crise do coronavírus.
"O governo pode adquirir os créditos eletrônicos e ceder essas passagens para quem precisa fazer seus deslocamentos essenciais, complementando o auxílio a ser dado aos trabalhadores informais que vão receber o apoio de 600 reais durante a crise. E pode também estender esse benefício aos desempregados e às famílias carentes que recebem algum auxílio federal, como beneficiários do Bolsa Família e do Seguro-Desemprego", disse Cunha.
A quantia de R$ 2,5 bilhões por mês é vista pelas entidades como fundamental para que as empresas consigam arcar com salários inclusive dos funcionários acima de 60 anos que foram afastados temporariamente do trabalho por serem parte do grupo de risco da covid-19. A proposta também sugere que os créditos sejam válidos por 12 meses, e venham a ser utilizados preferencialmente fora dos horários de pico.
Segundo a NTU, o Brasil tem hoje 235 sistemas de transporte público urbanos com redução de oferta ou suspensão total dos serviços, além de 44 com redução de demanda. A paralisação total foi registrada no estado de Santa Catarina, e nas cidades de Araguaína (MT), Camaquã (RS), Foz do Iguaçu (PR), Jaboticabal (SP), Marília (SP), Nova Pádua (RS) e João Pessoa (PB), de acordo com a entidade.
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