Covas descarta lockdown municipal e diz: 'faltou colaboração' com rodízio
A avaliação da Prefeitura de São Paulo é de que um lockdown municipal para evitar a disseminação do novo coronavírus é inviável. Segundo o prefeito Bruno Covas (PSDB), existem diversos fatores que impedem a adoção da medida — entre elas, a característica metropolitana da cidade. Para ele, as restrições só podem ser efetivas se acontecerem em âmbito estadual.
"Existem 1.742 ruas que começam na cidade de São Paulo e terminam em outra cidade da Região Metropolitana. Como vamos fazer um lockdown municipal nesses lugares? Um lado da rua poderá sair de casa e o outro não? Então, não tem sentido, não tem eficácia", apontou Covas em entrevista concedida hoje ao programa Pânico, da Rádio Jovem Pan.
O prefeito disse que outro motivo que impede esse tipo de isolamento é a impossibilidade de agentes policiais fiscalizarem e fazerem cumprir a norma.
"Por exemplo, Nova York tem poder de polícia à disposição do município. Aqui, nós temos apenas a Guarda Civil Metropolitana, que é uma guarda patrimonial. Ela colabora, mas não tem poder de polícia para restringir circulação de pessoas, para multar quem anda pelas ruas. Então, do ponto de vista municipal é inviável a decretação do lockdown. Mas a gente continua discutindo isso com o governo do estado", disse.
Bruno Covas revelou que, na próxima quarta-feira (27), os prefeitos das cidades paulistas e o governador João Dória (PSDB) vão decidir os próximos passos acerca do isolamento social e medidas restritivas a serem adotadas no estado de São Paulo a partir do dia 1º de junho. Para ampliar ou relaxar as proibições de circulação, serão levados em conta índices de contenção da covid-19 e de UTIs disponíveis.
De acordo com o prefeito, a capital tem hoje 11 hospitais referenciados para o tratamento da doença, dos quais cinco já estão com 100% dos leitos ocupados. Ele também informou que os leitos de terapia intensiva na cidade já estão 91% ocupados.
Rodízio par e ímpar
Covas também analisou a eficácia do polêmico rodízio par e ímpar, que vigorou durante uma semana em São Paulo. Ele disse que a medida aumentou pouco a taxa de isolamento, o que fez com que fosse abandonada.
"A gente teve um acréscimo de 1,5% no índice de isolamento, apenas. Apesar do esforço que foi feito de retirada de veículos e de ampliação de ônibus circulando, a quantidade de pessoas que continuou a andar pela cidade de São Paulo seguiu alta. Então, não tinha sentido a gente continuar a exigir um esforço sobre-humano da população, com rodízio rígido, se o acréscimo no isolamento foi tão baixo", falou.
Para ele, dois motivos impediram que o rodízio fosse mais efetivo. Primeiro, a falta de capacidade de a rede de transporte sobre trilhos impedir a aglomeração de pessoas; segundo, a insistência da população em sair de casa.
"O Estado, infelizmente, não conseguiu aumentar a frota de trem e metrô. 25% da frota está parada por falta de operador (...). E também faltou colaboração das pessoas. Elas continuaram a circular, a gente tinha um limite da autuação da multa de trânsito, mas as pessoas continuaram a sair de casa."
Mas o prefeito reconheceu o esforço dos paulistanos que estão evitando circular na cidade. "Quando a gente fala em um isolamento de 48%, parte das pessoas tem colaborado. A gente está apenas pedindo um esforço extra para fazermos a ampliação dos leitos de UTI", concluiu.
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