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Policial entregou fuzil uma semana após morte de João Pedro, diz jornal

João Pedro, 14, foi morto após operação policial em São Gonçalo (RJ) - Reprodução/Twitter/@_danblaz
João Pedro, 14, foi morto após operação policial em São Gonçalo (RJ) Imagem: Reprodução/Twitter/@_danblaz

Do UOL, em São Paulo

01/06/2020 08h13Atualizada em 01/06/2020 09h50

Um dos policiais civis investigados pela morte de João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, entregou um fuzil M16 calibre 556 para análise uma semana após o crime. A informação é do jornal O Globo.

A arma tem o mesmo calibre do projétil que atingiu o adolescente durante a operação conjunta com a PF (Polícia Federal) realizada em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro.

De acordo com a publicação, o agente omitiu que havia usado o fuzil no depoimento que prestou na dia 18 de maio, cinco horas após o adolescente ser baleado. Na ocasião, ele alegou que tinha disparado dez vezes com um fuzil Parafal calibre 762. Os outros dois agentes que atiraram dentro do imóvel entregaram naquele dia fuzis 556.

Em novo depoimento, no dia 25 de maio, o policial admitiu ter usado um fuzil M16 na ação e entregou para perícia. Segundo o jornal, o policial admitiu que deu "em torno de 16 tiros" dentro do imóvel usando o fuzil calibre 556, que teria levado como "reserva". Ele disse que percebeu o erro no primeiro depoimento depois de contar os cartuchos que sobraram.

O fuzil entregue posteriormente será submetido a confronto balístico com o projétil retirado do corpo de João Pedro.

Mudança de versão

Os três policiais civis investigados mudaram os depoimentos e admitiram ter atirado mais de 60 vezes durante a operação conjunta com a PF. A informação foi antecipada pelo jornal O Globo e confirmada pelo UOL no último sábado.

O adolescente João Pedro Mattos Pinto foi atingido por um tiro de fuzil calibre .556 pelas costas quando estava dentro da casa de seus tios na comunidade do Salgueiro, em 18 de maio. Inicialmente, os policiais haviam afirmado em depoimento ter disparado cerca de 20 vezes, mas alteraram a versão e admitiram ter dado mais de 60 tiros durante a operação, de acordo com uma fonte com acesso à investigação.

Segundo a DHNSGI (Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí), responsável pela investigação do crime, o projétil entrou no corpo de João Pedro pela região torácica posterior —nas costas, na altura da axila direita, e ficou alojado no corpo do menino.

Os três policiais foram afastados do serviço nas ruas após a realização da operação. Perícia na casa onde João Pedro foi baleado encontrou cerca de 70 marcas de tiros no local.

O corpo do adolescente foi removido do local de helicóptero e só foi encontrado pela família 17 horas depois, no posto do IML (Instituto Médico-Legal), em São Gonçalo. Antes, o corpo de João Pedro foi levado para o heliporto da Lagoa, na zona sul do Rio, distante cerca de 20 km do local da operação.