Vítima de intoxicação no caso Backer deixa hospital após 6 meses internada
Luciano Guilherme de Barros, de 57 anos, recebeu alta na última quarta-feira (03) depois de cerca de seis meses internado em um Hospital de Belo Horizonte após apresentar sintomas compatíveis com a intoxicação por dietilenoglicol, substância encontrada em alguns lotes de cervejas produzidas pela Backer.
Enfermeiros e médicos prepararam uma surpresa para o bancário. Uma festa com direito a balão e música para celebrar a alta hospitalar.
"Eu sou muito espirituoso, fiquei amigo de toda equipe médica, aí na saída foi aquela festa. Foi muito emocionante", declarou Luciano
Essa comemoração toda só veio depois de muita batalha. Segundo o bancário, ele comprou a cerveja Belo Horizontina em uma promoção em novembro de 2019, no bairro Buritis, região oeste da capital mineira. Depois de consumir a bebida, ele começou a passar mal.
"Em um jogo do Atlético-MG já estava me sentindo mal. Fiz um exame do coração e minha pressão esta alta, me medicaram e voltei pra casa. Depois de uns dias me senti muito mal, fui para o hospital e de lá só saí depois de seis meses", contou Barros.
Ele foi internado no dia 06 de dezembro de 2019 com paradas cardíacas. A intoxicação por dietilenoglicol fez com que Luciano passasse por duas cirurgias de colostomia, onde foram retirados 70 cm do intestino. As funções renais ficaram permanentemente comprometidas, além dos danos à audição, visão e paralisia facial.
"Fiz muita diálise, só tenho 28% da capacidade do rim. Quando tive as paradas cardíacas, o médico falou que não sabe como eu voltei, eu contei que frequento todos os jogos do Galo e que atleticano não morre fácil do coração", relatou, bem-humorado.
Dos 180 dias de internação, cerca de 70 foram na Unidade de Tratamento Intensivo. Luciano ainda teve três infecções e Síndrome Respiratória Aguda. Na semana passada, Luciano recebeu alta para evitar um possível contágio de covid-19. Agora em casa, deve iniciar em casa os tratamentos de fisioterapia, fonoaudiologia e tratamentos médicos.
Segundo a assessoria das vítimas da Backer, os contatos telefônicos e e-mails enviados à cervejaria sobre os valores das despesas não cobertas pelo plano de saúde nunca foram respondidos.
"O Ministério Público pediu ao juiz para determinar o pagamento dos salários daqueles que perderam renda, como foi o caso do Luciano, já que trabalhava como bancário e, apesar de ter somente 57 anos (completados no dia 28/05), já estava aposentado pela Previdência Social. Como está afastado do trabalho, não recebe salário do empregador, pois a Previdência não paga dois benefícios, tendo seu orçamento familiar reduzido drasticamente.", informou a assessoria de imprensa das vítimas.
A mulher de Luciano, que pediu demissão para cuidar do marido desde o início do tratamento, e o filho, que é estudante, passam dificuldades financeiras. Outras famílias e vítimas se encontram na mesma situação.
"Sou aposentado e faz seis meses que perdi meu salário no banco. Minha esposa trabalhava 27 anos na mesma empresa e teve que pedir demissão para cuidar de mim. Isso nos causou uma séria crise financeira."
O inquérito da Polícia Civil sobre o caso da cervejaria completa cinco meses hoje e esta em fase de conclusão. 42 vítimas são analisadas no inquérito policial, sendo que nove pessoas morreram. Até o momento, nenhuma das vítimas teve o tratamento custeado pela Backer.
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