Avó de adolescente morto recebe manifestantes em protesto na Vila Clara
A avó do adolescente Guilherme, de 15 anos, que, segundo moradores, foi morto por policiais militares na Vila Clara, recebeu manifestantes e a OAB na tarde desta terça-feira (16) em um protesto que reuniu moradores e deputados estaduais no bairro. A manifestação saiu da casa da avó de Guilherme, onde ele foi sequestrado, e seguiu pelo parque linear ao lado do córrego do Cordeiro, por onde Guilherme foi levado pelos criminosos.
"Ele saiu no portão só para olhar a rua antes de dormir. Chegaram dois malditos, tenho certeza que eram da polícia, e pegaram meu neto por engano", disse a avó do jovem, Antonina Arcanja da Silva. "Fui ver meu neto no cemitério com dois tiros na cabeça, muito machucado. Bateram muito nele. Ele não merecia. Mesmo que tivesse feito alguma coisa errada, nada justifica dar dois tiros na cabeça de um ser humano."
O silêncio da manifestação, que seguiu pela Avenida Cupecê, só foi quebrado pela música "Espera Eu Chegar", de Mc Kevin o Chris, uma das preferidas de Guilherme. O discurso da maioria dos participantes era contra a violência. Inclusive, um rapaz que não é da comunidade gritava "PM assassina" e as lideranças comunitárias pediram para ele parar e ele calou-se.
Com um Pai Nosso, aplausos e pedidos de Justiça, moradores da Vila Clara, ativistas de direitos humanos, familiares, amigos e vizinhos de Guilherme deixaram a avenida Cupecê. A manifestação terminou às 18h em frente à casa da avó do adolescente.
'Excessos serão apurados'
Dois ônibus e quatro trólebus foram incendiados e outros dois ônibus foram depredados após revolta popular no final da tarde de ontem na Vila Clara, em decorrência da suspeita de assassinato do jovem. Uma tarja com a identificação de um PM foi encontrada no local do crime.
O coronel Álvaro Camilo, secretário-executivo da Polícia Militar em São Paulo, disse hoje que não há indicativos de que policiais militares estejam envolvidos no assassinato, embora ressalte que nenhuma hipótese está descartada. Ele afirmou que o governo paulista lamenta a morte de Guilherme, mas que a informação de que ele foi morto numa operação da Polícia Militar não está correta.
Camilo afirmou ainda que eventuais excessos cometidos por policiais militares serão apurados e disse que nem a PM nem o governo "compactuam com o erro".
Violência policial em série
Desde a semana passada vieram a público episódios recentes de violência policial em São Paulo. Na noite de sexta-feira (12), em Barueri, quando um homem rendido foi agredido por policiais militares. Vizinhos que tentaram proteger a vítima também foram atacados pelos PMs, que foram afastados.
Na madrugada do sábado, na zona norte de São Paulo, mais policiais militares agrediram um jovem que afirmava estar na casa da namorada. Os PMs pertenciam ao 43º batalhão, do bairro do Jaçanã, e também foram afastados.
Por fim, durante manifestações domingo na avenida Paulista, um policial militar sem identificação na farda empurrou um repórter do UOL pelas costas para atrapalhar uma gravação. Em nota, a PM prometeu tomar as medidas cabíveis.
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