Caso Backer: Homem morre após mais de 500 dias de internação em MG
Morreu na madrugada de hoje, em Minas Gerais, mais uma pessoa supostamente intoxicada após ingerir a cerveja Backer. José Osvaldo de Faria, de 66 anos, estava internado havia mais de 500 dias e é a nona vítima do caso.
Embora o caso da cervejaria Backer tenha repercutido nacionalmente no início deste ano, após consumidores da cerveja terem sido hospitalizados, o inquérito da Polícia Civil investigou possível intoxicação pela Backer desde dezembro de 2018, e Faria teria sido um dos primeiros a se intoxicar. No total, a polícia indiciou 11 pessoas e encaminhou o caso para o Ministério Público.
Faria ingeriu a cerveja em fevereiro de 2019, no sítio da família, onde sentiu os primeiros sintomas. Já não conseguia urinar e começou a ter diarreia e vômitos. Três dias depois, precisou ser hospitalizado, intubado e dialisado. Apenas em junho deste ano que conseguiu ser transferido para o quarto.
O hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, não deu detalhes sobre a vítima. Segundo familiares, ele não conseguia mais enxergar e havia perdido boa parte dos movimentos do corpo. Enquanto permaneceu na UTI, teve cinco paradas cardiorrespiratórias e nove pneumonias.
Eliana Reis, esposa dele, ia diariamente cuidar do marido, fazendo massagens na face e nas pernas, de acordo com uma irmã dela com quem a reportagem do UOL conversou hoje. Eliana estava descansando após ter passado a noite e a manhã em claro.
O empresário estava em um tratamento intenso, fazendo uso de hormônios e neurotransmissores, além da necessidade de vigiar constantemente as condições da pele, a pressão e a necessidade de fazer aspiração em vários momentos do dia para retirada de secreções. O casal tem uma filha.
Segundo a associação formada por familiares de vítimas da cerveja, parentes e advogados de Faria procuraram a Backer para ajudar no custeio do tratamento, mas nunca tiveram resposta. Em junho deste ano, foi iniciada uma vaquinha virtual para auxiliar nos gastos com o hospital.
O MP pediu, no último dia 9/7, a quebra do sigilo bancário de sócios e empresas ligadas ao grupo cervejeiro após detectar recentemente a venda de três imóveis pertencentes aos proprietários e uma movimentação de R$ 200 mil nas contas da empresa.
O pedido foi parcialmente atendido pela 23ª Vara Cível de Belo Horizonte, permitindo a análise de dados bancários de cinco empresas dos últimos 12 meses. Para a promotoria de Justiça, há indícios de que a Backer esteja tentando dilapidar ou ocultar seu patrimônio para não ter como pagar as indenizações em caso de execução.
Procurada pelo UOL, a assessoria de imprensa da Backer informou, por telefone, que "oficialmente, não irá se manifestar".
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