"Morte inaceitável", diz ouvidor sobre homem atingido pelas costas por PM
O ouvidor da Polícia do estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, classificou hoje como "inaceitável" a morte de um homem atingido pelas costas por disparos efetuados por um policial militar.
O homicídio aconteceu na madrugada deste sábado (25) na zona leste de São Paulo e foi gravado por uma câmera de vigilância.
"É lamentável, uma morte inaceitável. O Estado democrático de direito não comporta justiçamento. A imagem é clara em mostrar que o homem estava rendido e não apresentava perigo ao policial militar. Ele deveria ter sido preso e levado à autoridade policial competente", afirmou Lopes.
O PM envolvido no caso foi preso em flagrante. O homem chegou a ser socorrido ao Hospital Municipal Tide Setúbal, também na zona leste da capital, mas não resistiu e morreu. A identidade da vítima ainda não foi revelada.
O ouvidor vai abrir procedimento e pedir informações à SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo sobre o andamento do inquérito. Vai requisitar também que o MP-SP (Ministério Público estadual) acompanhe de perto as investigações.
"É bom ressaltar que o Comando da Polícia Militar não compactou com a atividade delituosa do policial e o prendeu em flagrante", disse o ouvidor.
Câmera flagrou o homicídio
De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo, o homem conduzia uma motocicleta que havia sido roubada horas antes e foi reconhecido pelo proprietário do veículo como autor do roubo.
Imagens gravadas por uma câmera de um estabelecimento comercial mostram o motociclista passando em alta velocidade pela rua e, depois, voltando pela mesma via. O motociclista se desequilibra, e atrás dele surge um policial militar fardado, a pé, já com a arma em punho. O PM persegue a moto e atira nas costas do motociclista. No momento do disparo, a moto já estava parada e o homem, ainda com as duas mãos no guidão, se preparava para descer do veículo.
O vídeo mostra ainda que, pouco depois do disparo, pelo menos cinco carros da Polícia Militar chegam ao local. Ao fundo, é possível ver um muro pintado com as cores da PM e os dizeres "Polícia", indicando que o local pode ser um Batalhão.
Em nota, a SSP informou que o caso está sendo registrado no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), que prosseguirá com as investigações. Ainda de acordo com a SSP, a PM instaurou um IPM (Inquérito Policial Militar) e trabalha no esclarecimento dos fatos. O UOL tenta localizar a defesa do PM.
Letalidade policial bate recorde em SP
De janeiro a junho de 2020, as polícias civil e militar de São Paulo mataram, juntas, 514 pessoas em supostos tiroteios, durante o serviço e também durante a folga, de janeiro a junho. É o maior número da série histórica do governo paulista, que iniciou em 2001.
Os dados foram divulgados na sexta (24) pela SSP. De acordo com a secretaria, no mesmo período, 28 policiais foram assassinados, mesmo índice registrado em 2018.
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