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Acidente na BR-277: relato de funcionários da Ecovia contradiz moradores

Testemunhas dizem que fumaça que afetou rodovia estava ali desde 25 de julho; funcionários negam - Franklin Freitas/Estadão Conteúdo
Testemunhas dizem que fumaça que afetou rodovia estava ali desde 25 de julho; funcionários negam Imagem: Franklin Freitas/Estadão Conteúdo

Anaís Motta e Beatriz Gomes

Do UOL, em São Paulo

14/08/2020 17h11Atualizada em 17/08/2020 16h11

Oito funcionários da Ecovia, concessionária que administra o trecho da BR-277 onde houve um grave acidente no início do mês, já prestaram depoimento na Delegacia de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR). Segundo o delegado Fábio Machado, que conduz as investigações, os relatos contradizem as declarações de moradores da região.

Na noite do acidente (2), de acordo com o Corpo de Bombeiros e a PRF (Polícia Rodoviária Federal), havia muita neblina na pista. A visibilidade estava ainda mais prejudicada por conta da fumaça de um incêndio ambiental nas proximidades.

Em depoimento, os funcionários alegaram que o problema era pontual, excepcional, e que não haviam sido notificados sobre o incêndio antes do acidente. Moradores da região, porém, disseram que o fogo estava ali há mais de uma semana.

"A contradição é a seguinte: os funcionários disseram que [a falta de visibilidade] foi um fato excepcional. Mas os moradores afirmaram que o fogo estava ali desde o dia 25 [de julho], e que o incêndio já estava afetando a visibilidade da rodovia desde aquele momento", explicou Machado.

Questionada pelo UOL, a Ecovia reiterou os depoimentos prestados por seus funcionários.

"Em seus esclarecimentos, os colaboradores informaram que a concessionária identificou a baixa visibilidade no trecho do acidente e, imediatamente, iniciou todos os procedimentos exigidos no atendimento a esse tipo de ocorrência, com sinalização do local e acionamento do Corpo de Bombeiros e da Polícia Rodoviária Federal", afirmou.

O delegado também informou que as investigações devem ouvir esses moradores novamente, além de outras testemunhas. As imagens das câmeras de segurança da rodovia e de motéis da região também serão analisadas.

"Vamos ouvir as pessoas que se envolveram no acidente, que é o mais difícil, porque muitas estão hospitalizadas. Também vamos ouvir os parentes das pessoas que morreram e algumas testemunhas que estavam no local e que não se machucaram. Aí vamos confrontar tudo isso com a versão apresentada pelos funcionários", completou.

O prazo para a conclusão do inquérito se encerra em 2 de setembro, e o delegado diz esperar concluí-lo dentro deste período.

O acidente na BR-277 envolveu 22 veículos, deixando oito mortos e 22 feridos. Sete pessoas morreram no local, sendo três homens e quatro mulheres; a oitava vítima — outra mulher — morreu no Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba. Sete dos oito mortos tinham menos de 30 anos.

São eles:

  • Ester Nunes de Oliveira (19 anos, de São José dos Pinhais);
  • Jessica Nunes de Oliveira (22 anos, de São José dos Pinhais) -- irmã de Ester;
  • Fernando Jaroz Mendes (18 anos, de Curitiba) -- marido de Ester;
  • Jessica de Souza (22 anos, de Curitiba);
  • Lucas Moreira (24 anos, de Curitiba);
  • Guilherme Henrique Ribas de Oliveira (28 anos, de Curitiba);
  • Jurema Elvira Ferreira dos Santos (52 anos, de Curitiba);
  • Emanueli de Fátima Ferreira dos Santos (23 anos, de Telêmaco Borba) - morreu no hospital.