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BR-277: sete dos oito mortos do acidente no Paraná tinham menos de 30 anos

Vinícius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

03/08/2020 13h39Atualizada em 03/08/2020 15h23

Sete das oito vítimas do grave acidente que envolveu 22 veículos na BR-277, na região Metropolitana de Curitiba, tinham menos de 30 anos. O engavetamento ocorreu por volta das 22h20 de ontem e ainda deixou 26 pessoas feridas.

Dos oito mortos, três pertenciam à mesma família: duas irmãs e o marido de uma delas. Havia também um casal de namoradas.

Os oito mortos já foram identificados pelo IML. São eles:

  • Ester Nunes de Oliveira (19 anos, de São José dos Pinhais
  • Jessica Nunes de Oliveira (22 anos, de São José dos Pinhais) - irmã de Ester
  • Fernando Jaroz Mendes (18 anos, de Curitiba) - marido de Ester
  • Jessica de Souza (22 anos, de Curitiba)
  • Lucas Moreira (24 anos, de Curitiba)
  • Guilherme Henrique Ribas de Oliveira (28 anos, de Curitiba)
  • Jurema Elvira Ferreira dos Santos (52 anos, de Curitiba)
  • Emanueli de Fátima Ferreira dos Santos (23 anos, de Telêmaco Borba) - morreu no hospital, era namorada de Jurema

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a neblina típica da região nesta época do ano somada a uma queimada afetou a visibilidade dos motoristas. Alguns veículos se envolveram em uma colisão e ficaram parados na via. Um caminhão não conseguiu frear e atingiu os carros que estavam parados, atropelando também as pessoas.

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Samuel Prestes, informou que uma área próxima ao local estava com um foco de incêndio, fazendo com que a fumaça atrapalhasse a visibilidade dos motoristas.

"A concessionária estava atendendo a ocorrência e solicitou apoio do Corpo de Bombeiros. Quando a primeira viatura chegou, o acidente tinha acabado de ocorrer", relatou.

Segundo Prestes, os atendimentos a incêndios florestais aumentaram 78% em relação ao ano passado devido à estiagem enfrentada pelo Paraná ao longo dos últimos meses.

"Se somar neblina e fumaça, fica muito difícil de enxergar"

O fotógrafo Marcelo Elias, 50, passou pela BR-277 por volta das 22h30, quando a estrada ainda não tinha sido bloqueada. "Tinha neblina, mas é comum na região, dava para enxergar. Um carro entrou na nossa frente e começou a fazer ziguezague, avisando para reduzir a velocidade", conta.

"Eu estava bem devagar, mas ainda não tinha qualquer sinalização. Havia muitas pessoas do lado direito, atrás da proteção do acostamento, e muitos carros concentrados do lado esquerdo. Eu consegui passar pela pista da direita", relata.

"No momento, eu me preocupei mais em seguir e fazer com que meus filhos não olhassem, porque a situação era bem feia. O meu filho de 15 anos acabou não obedecendo e ficou bem traumatizado com o que viu", acrescenta.

Segundo Elias, que passa com frequência pela região, é comum haver focos de queimada naquele local. "Ali sempre tem queimadas. Se somar a neblina à fumaça da queimada, fica muito difícil de enxergar. Já vimos também atropelamentos e acidentes nesta altura da estrada", diz.

De acordo com o coronel Samuel Prestes, do Corpo de Bombeiros, 22 veículos se envolveram no acidente:

  • 5 motocicletas
  • 15 veículos leves
  • 1 caminhão
  • 1 viatura da Polícia Militar

Segundo a Ecovia, responsável pela rodovia, a BR-277 foi interditada totalmente em ambos os sentidos e o tráfego, desviado pelo bairro, no km 78 (sentido Paranaguá) e pelo km 74, na Avenida Ruy Barbosa (sentido Curitiba). O local é um dos acessos ao aeroporto da capital, mas é mais usado pelos motoristas que vão para o litoral. Às 4h40, a estrada foi liberada.

Investigação

O atendimento do acidente foi feito por equipes dos Bombeiros, da Polícia Militar e da concessionária Ecovia.

A Polícia Civil do Paraná informou que está realizando investigação preliminar sobre o acidente e que vai ouvir o motorista do caminhão e testemunhas nos próximos dias. Caso seja constatada a ocorrência de crime, será instaurado inquérito policial. Inicialmente, a PC-PR comunicou que não iria instaurar inquérito contra o motorista, que não teve o seu nome divulgado, pois "não teria configurado crime".