Bombeiros avisaram em 2019 que hospital era quase uma 'bomba', diz diretor
Os problemas elétricos no Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro, onde um incêndio causou hoje a morte de três pacientes, são conhecidos desde 2005, pelo menos, segundo o diretor do corpo clínico da instituição, Júlio Noronha. Em 2019, um relatório feito pelo Corpo de Bombeiros apontava que o local era "praticamente uma bomba".
"O hospital é antigo, quase 70 anos [na verdade, são quase 80 anos], 1942. Ele não cresceu como cresceu a necessidade do uso de eletricidade para monitores, tomógrafos, respiradores", disse o diretor à CNN Brasil. "No ano passado, foi feito um relatório do Corpo de Bombeiros que [apontou que] nós estávamos sentados praticamente em cima de uma bomba, de um barril de pólvora".
Segundo Noronha, "o que poderia ser feito foi feito". À época deste relatório, contou, o então diretor do hospital elaborou um ofício dizendo ser fundamental a realização de obras no subsolo, no almoxarifado — onde o incêndio teria começado segundo os Bombeiros — e na parte elétrica do hospital.
"Os funcionários que lidavam com isso... Sempre tínhamos um pouco de preocupação, mas não tínhamos autoridade. Autoridade é de quem teria a posse do relatório de 2019 e fez o ofício pedindo reformas no subsolo e na parte elétrica do hospital, que é muito antiga", acrescentou o diretor.
O que se sabe até agora
O incêndio começou pouco antes das 10h e atingiu o prédio 1 do Hospital Federal de Bonsucesso. A morte de uma mulher de 42 anos, que estava em estado gravíssimo durante a transferência, foi confirmada pelo coordenador assistencial da instituição, Carlos César Assef. Segundo o secretário de Defesa Civil, Leandro Monteiro, ela tinha covid-19 e estava intubada.
Feridos estão sendo atendidos em outro prédio do hospital ou sendo transferidos. O fogo foi controlado e não se propagou para outras unidades.
De acordo com a direção do hospital, a brigada de incêndio da unidade removeu cerca de 200 pacientes do prédio 1 para o prédio 2 até a chegada do Corpo de Bombeiros. Pessoas foram levadas em macas e cadeiras de rodas pelas ruas próximas, que ficaram bloqueadas.
Posteriormente, 46 pacientes foram transferidos para sete unidades de saúde diferentes, sendo que oito deles estão com covid-19 — quatro foram para o Hospital de Acari, e a outra metade para o CER (Coordenação de Emergência Regional) do Leblon, de acordo com os bombeiros. Uma dessas pessoas acabou não resistindo.
Ainda segundo a corporação, quatro pacientes foram levados para o Hospital de Campanha do RioCentro, na zona oeste, que havia sido fechado e foi reaberto nesta manhã para ajudar no socorro. A Prefeitura do Rio de Janeiro nega que o hospital estivesse desativado.
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