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Amapá tem ao menos 9 protestos de moradores após apagão na noite de ontem

A cidade de Macapá (AP), durante novo apagão em 17/11 - Reprodução/Redes Sociais
A cidade de Macapá (AP), durante novo apagão em 17/11 Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Gabriel Dias

Colaboração para o UOL, em Macapá

18/11/2020 14h28

Na noite de ontem, após um novo blecaute atingir 13 dos 16 municípios do Amapá, alguns moradores das cidades de Macapá e Santana realizaram protestos contra a interrupção no fornecimento de energia. Segundo informações da Polícia Militar (PM), foram registradas nove manifestações até às 3h desta quarta-feira (18).

O novo blecaute ocorreu por volta de 21h nos mesmos municípios já afetados pelo apagão anterior. Por volta as 23h20, a energia começou a retornar gradativamente.

Um dos protestos registrados aconteceu no bairro Infraero 2, na zona Norte de Macapá, onde o fornecimento de energia só foi normalizado por volta das 4h da madrugada.

Até a manhã de hoje, a eletricidade ainda não havia retornado na casa da moradora Wane Azevedo, 25, no município de Santana. Ela conta que ainda não conseguiu dormir, pois precisa dar assistência aos seus dois filhos de 5 e 2 anos.

Em sua casa, a energia acabou às 19h, retornou brevemente às 4h da manhã de hoje, mas não durou.

Muitas pessoas já perderam eletrodoméstico, comidas e não estão dormindo porque, a qualquer momento, a luz pode ir embora. É exaustivo e muito humilhante."
Wane Azevedo, moradora de Macapá

Na baixada Pará, região periférica de Macapá, o contador de histórias Josias Monteiro, 39, relata que apesar da energia ter sido restabelecida no local por volta das 22h, a comunidade segue sofrendo com as frequentes interrupções no decorrer do dia.

Ele disseram que normalizou, mas continuamos sofrendo sem água tratada, com falta de alimentação para os mais vulneráveis."
Josias Monteiro, morador de Macapá

Durante o novo blecaute, apenas hospitais, órgãos públicos e estabelecimentos comerciais conseguiram manter os serviços com a utilização de geradores.

Após apagão, população sofre com crise de desabastecimento no Amapá, gerando filas em postos e falta de água - Maksuel Martins/Fotoarena/Estadão Conteúdo - Maksuel Martins/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Após apagão, população sofre com crise de desabastecimento no Amapá, gerando filas em postos e falta de água
Imagem: Maksuel Martins/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Semanas de instabilidade

Desde o dia 3 de novembro, o estado enfrenta problemas com o fornecimento de luz — a subestação de energia elétrica da capital Macapá pegou fogo e provocou um blecaute em 13 dos 16 municípios. A energia começou a ser restabelecida no dia 7, mas em regime de rodízio.

Ainda na noite de ontem, a Eletronorte explicou que o apagão foi ocasionado por um desligamento na Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes, que fornece parte da energia para o Amapá, por causa de "um evento externo à usina, provavelmente no sistema de distribuição de energia elétrica".

Em nota, a CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá) informou que após o restabelecimento da energia, concluído à 1h da manhã de hoje, foi retomado o fornecimento em rodízio às 4h nos bairros que ainda estavam sem o fornecimento.

"Por questões de segurança este procedimento foi feito com inserção de carga de forma gradativa até que atingisse toda a disponibilidade", escreveu a companhia.

Transformador chega à Macapá

A concessionária LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia) — empresa responsável pela subestação incendiada — informou que o transformador que veio do Laranjal do Jari, município que fica a 265 quilômetros de distância de Macapá, já chegou ao local onde será instalado.

Apenas após a instalação desse equipamento é que o Amapá poderá ter 100% do fornecimento de energia em definitivo, já que as usinas termoelétricas que está sendo montadas pela Eletronorte funcionarão de forma provisória.

A empresa agora fará alguns testes para verificar se o transformador sofreu algum dano durante a viagem, e então iniciará sua montagem. A previsão é de que o trabalho seja concluído até o dia 26 de novembro.