Mãe salvou filho antes de ser morta, diz família; menino pergunta por ela
A jovem Caroline Conceição do Nascimento, de 26 anos, sacrificou a própria vida para salvar a do filho, de 6 anos, segundo a família. Ela foi assassinada a tiros na sexta-feira (2), em Goiânia (GO), pelo marido, o guarda civil metropolitano Anderson Gomes Pedro Pupim, de 40, conforme investigação preliminar da Polícia Civil. O suspeito está preso aguardando audiência de custódia.
De acordo com a família, o filho da vítima ainda não sabe da morte da mãe. Ambos são de Macapá (AP) e moravam em Goiânia com o suspeito. O menino é de outro casamento e já está com a família materna, que trata da burocracia para o translado do corpo para Macapá, onde Caroline será velada e sepultada.
"Ele vai ter acompanhamento psicológico. Já tem profissionais acionados. Até agora não sabe de nada. Só lembra do que aconteceu antes do assassinato e pergunta pela mãe. Ele não sabe da morte e não iremos contar nada até termos uma orientação desse acompanhamento psicológico. O garoto é muito hiperativo e gosta muito de brincar, mas sempre chora quando lembra da mãe", disse o tio da jovem, o técnico em enfermagem Andrew Luiz, ao UOL.
A criança não viu a mãe sendo morta porque ela o arremessou por cima do portão para que fugisse e pedisse socorro aos vizinhos. O menino teria sido o primeiro alvo do suspeito. O guarda civil chegou em casa e passou a discutir com a esposa quando a viu arrumando os pertences pessoais para retornar ao Amapá, já que não tem parentes em Goiânia. Ele a atingiu pelas costas com dois disparos, diz investigação da Polícia Civil.
"Estava tudo encaixotado. Ele chegou na hora e não deixou mais arrumar os pertences. O Anderson tentou matar o filho dela, mas a Carol pegou uma arma e atirou de raspão no braço do marido antes de jogar a criança por cima do portão. Ele, então, pegou a arma e atirou nas costas dela", relata o tio da vítima.
O homem recebeu atendimento no Hospital de Urgências de Goiânia, mas sem gravidade. Ele aguarda audiência de custódia. Segundo a Polícia Civil de Goiás, o caso ainda será recebido pelo delegado responsável por apurar o inquérito. A Guarda Civil informou que o suspeito está afastado há anos recebendo supervisão interna e externa. O UOL não conseguiu contato com a defesa do suspeito.
Jovem conheceu marido há seis meses
Caroline e Anderson estavam juntos desde junho e selaram o casamento três meses depois. Ele tinha o histórico de ser agressivo em razão de ciúmes somado com a ingestão de bebida alcoólica.
Em 1 de dezembro, a vítima conseguiu uma medida protetiva contra o marido depois de uma briga. Ele, então, se internou em uma clínica de reabilitação, em Goiânia, para se tratar longe da esposa, conta a família da mulher.
No dia do crime, Anderson foi para casa onde morava com Caroline antes da medida protetiva e a presenciou arrumando os pertences, o que desencadeou a discussão seguida do assassinato.
"Ela comentava com a avó dela que o marido estava em tratamento e que prometia mudar o jeito, não bebendo mais e parando com as agressões, mas em dezembro eles tiveram essa discussão que gerou a medida protetiva", revelou o tio.
Família cria vaquinha para enterrar corpo
Caroline é natural de Macapá e não tinha parentes em Goiânia, cidade onde morava desde 2018. Ela viajou para conhecer a capital de Goiás e decidiu estabelecer moradia com o filho.
A família agora busca arrecadar o valor para o translado, orçado em R$ 6 mil. Amigos e parentes já arrecadaram R$ 4 mil e ainda restam as passagens e o que falta da quantia do transporte do corpo.
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