Pesquisadores descobrem réptil que viveu antes dos dinossauros no Piauí
Pesquisadores descobriram uma nova espécie de réptil, encontrado fossilizado nos municípios de Nazária (PI) e Palmeirais (PI), localizados às margens do rio Poti, que viveu antes dos dinossauros, há cerca de 280 milhões de anos, no período Permiano da Era Paleozoica.
O animal se parecia com um calango e media cerca de 25 centímetros de comprimento. O estudo apontou que ele se alimentava de insetos que viveram na floresta fóssil do rio Poti, localizada no centro urbano de Teresina.
O animal foi denominado de Karutia fortunata, pertencia a uma espécie extinta e foi encontrado em 2016. O estudo do achado foi publicado ontem na revista Journal of Systematic Palaeontology, referência na área da paleontologia.
Segundo a UFPI (Universidade Federal do Piauí), este é o terceiro fóssil de réptil descoberto na região de Nazária e é o primeiro a ser considerado uma espécie nova. O animal pertence a um grupo de répteis conhecidos como pararrépteis.
O paleontólogo da UFPI, Juan Cisneros, diretor do Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI, explica que o Karutia fortunata é um o réptil é pequeno e se parece por fora com um calango.
O fóssil foi encontrado por acaso. A equipe estava em pesquisa de campo quando o pneu do veículo que a transportava furou, e um dos pesquisadores saiu observando a área, enquanto os demais faziam a troca do pneu. O pesquisador adentrou em uma pedreira e encontrou um fóssil junto ao material extraído, iniciando a pesquisa com a equipe para identificação e em busca de novos exemplares.
"Karutia em língua timbira significa pele enrugada e com caroços. Escolhemos esse nome porque os ossos do crânio do animal estão cobertos por muitas rugas naturais. Fortunata refere-se a que foi uma descoberta afortunada, pois o esqueleto foi encontrado graças a um pneu furado que fez com que a nossa equipe tivesse que ficar mais tempo no local, o qual resultou na descoberta desse fóssil", conta o pesquisador.
A pesquisa apontou ainda que a nova espécie não deixou descendentes, pois pertenceu a um grupo extinto. Segundo o estudo, o réptil é parente distante dos lagartos e dos crocodilos. "Ele nos ajuda a reconstruir as relações ecológicas do final da Era Paleozoica e através dele temos um panorama mais completo do Brasil nesse tempo", explica Cisneiros.
Os pesquisadores descobriram ainda que o Karutia fortunara tinha parentes próximos nos Estados Unidos e "isso nos ajuda a entender melhor as relações entre a fauna brasileira e a fauna dos EUA numa época em que os continentes estavam unidos, formando o supercontinente de Pangeia", disse o paleontólogo.
Os fósseis estão guardados na coleção do Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI. Os pesquisadores encontraram várias partes do corpo do fóssil, dentre eles: ossos do crânio, da mandíbula, vértebras, e de outras partes do esqueleto.
A pesquisa foi liderada pela UFPI em conjunto com equipe de paleontólogos internacionais de seis instituições — do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte, dos EUA; do Museu Field de Chicago, dos EUA; do Museu Iziko, na África do Sul; da Universidade de Buenos Aires, na Argentina; da Universidade Humboldt, na Alemanha; e do Museu de História Natural do Reino Unido.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.