Stalker que ameaçou estuprar e degolar delegada é detido e liberado
A polícia de São Paulo deteve, na manhã de hoje, um estudante de 25 anos que, desde dezembro de 2020, tem perseguido a presidente do Sindicato dos Delegados de São Paulo, a delegada Raquel Kobashi Gallinati Lombardi. O rapaz a ameaçou, por meio de mensagens enviadas nas redes sociais, de estuprá-la, decapitá-la e esquartejá-la. Após depoimento, no entanto, ele foi liberado.
O estudante, que mora no Jardim Santa Cândida, em Diadema, no ABC Paulista, usava três perfis diferentes no Facebook para enviar mensagens para a delegada Raquel. "Dentre elas: 'Juro por Deus que vou enfiar uma bala na sua cabeça e depois voltar para meu paraíso', além de demais xingamentos misóginos", de acordo com relatório da Polícia Civil.
Segundo o mandado de busca, "foram identificadas fotos em que o infrator mostrava armas de fogo". Na operação, hoje, "foram apreendidas duas réplicas de arma de fogo, uma foice e um aparelho celular". O estudante foi conduzido até a Divisão de Crimes Cibernéticos com seu pai. Depôs e foi liberado porque, diz a polícia, não houve flagrante.
Foi registrado boletim de ocorrência contra o estudante pelos crimes de ameaça e de injúria. Na Delegacia de Crimes Cibernéticos, Raquel afirmou que ele tentou se filiar ao sindicato depois de preencher a ficha cadastral disponibilizada no site da entidade. A secretaria do sindicato suspeitou da tentativa de filiação e ligou para ele para confirmar alguns dados.
Na ligação, o autor pediu para falar com a presidente do sindicato. Ele afirmou que tinha interesse de ser policial. Foi, então, orientado a prestar concurso público. Depois, disse que Raquel não respondia suas mensagens. Nesse momento, após busca em suas redes sociais, a delegada percebeu que, desde dezembro, ele mandava muitas mensagens de ódio para ela.
A reportagem não conseguiu contatar o estudante, tampouco sua defesa. A polícia afirmou não poder ceder informações sobre suas alegações na delegacia.
Em entrevista ao UOL, a delegada afirmou que não teve acesso ou interferência aos atos de polícia judiciária, inclusive pela "lisura do processo". "Com quase dez anos como delegada de polícia, é a primeira vez que saio como vítima. Percebo que a vulnerabilidade da mulher independe dela ser delegada ou juíza, por exemplo. Fui ameaçada de morte, decapitação, estupro e esquartejamento", disse.
"A Polícia Judiciária, prontamente, em 4 de fevereiro, já identificou, iniciou as investigações, e, somente depois de 40 dias, o Poder Judiciário definiu o mandado de busca e apreensão com urgência", acrescentou. "Essa vulnerabilidade que fica sem toada com a falta de celeridade do judiciário para mulheres. Eu que sou delegada de polícia, ando armada e me senti vulnerável."
Imagina as mulheres que os agressores são os ex-companheiros, ex-namorados que sabem a rotina completa etc. Então, há a necessidade, sim, de fortalecimento da legislação em relação à penalização desses criminosos e implementação de políticas públicas para aperfeiçoar o rol de proteção das mulheres vítimas de violência.
Delegada Raquel Kobashi Gallinati Lombardi
A delegada se disse orgulhosa do trabalho da Polícia Civil na prestação que lhe foi dada no caso. "Agradeço a competência e eficiência da divisão de crimes cibernéticos do Deic que rapidamente investigou e solucionou o caso", afirmou.
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