Topo

Contabilidade de Ecko, chefe de milícia morto no RJ, traz mais de cem fuzis

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

15/06/2021 13h52

Um caderno de contabilidade apreendido pela Polícia Civil do Rio na casa da família de Wellington da Silva Braga, o Ecko, mostra a distribuição de mais de cem fuzis, pistolas, munições e carregadores distribuídos em diferentes pontos do Rio e em municípios da Baixada Fluminense. Nas anotações, há pelo menos a menção de cem fuzis em poder da quadrilha chefiada pelo miliciano que morreu no último sábado (12) durante uma ação da polícia para prendê-lo.

Em um única folha, com o título "Caroba", mencionando possivelmente a comunidade da Corobinha, em Campo Grande, na zona oeste do Rio, estão enumerados oito fuzis AR-15 com 31 carregadores para as referidas armas, além de 11 carregadores para fuzis calibre 7.62 e 740 balas.

Página do caderno de contabilidade de Ecko menciona possivelmente a comunidade da Corobinha, na zona oeste do Rio - Reprodução - Reprodução
Página do caderno de contabilidade de Ecko menciona possivelmente a comunidade da Corobinha, na zona oeste do Rio
Imagem: Reprodução

Na localidade identificada como Santa Maria há menção de quatro AR-15 e 22 carregadores.

Caderno também traz informações sobre Santa Maria - Reprodução - Reprodução
Caderno também traz informações sobre Santa Maria
Imagem: Reprodução

Nos registros é possível identificar ainda nomes de outros bandidos que estariam responsáveis pelo armamento. Fora da capital, são citadas as cidades de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, e de Itaguaí, na região metropolitana.

Os registros revelam ainda a compra de R$ 100 mil em cestas básicas e R$ 50 mil em pão careca — itens vendidos para moradores de regiões dominadas pela milícia que também engorda suas contas com venda de gás, cobrança de taxas de transporte alternativo, TV a cabo e construções e venda de imóveis irregulares.

Os registros revelam ainda a compra de itens vendidos para moradores de regiões dominadas pela milícia - Reprodução - Reprodução
Os registros revelam ainda a compra de itens vendidos para moradores de regiões dominadas pela milícia
Imagem: Reprodução

Além disso, pelo menos R$ 80 mil aparecem como empréstimos nas anotações que preenchem mais de 50 folhas.

Todo o material está sendo analisado pela Polícia Civil do Rio, que continua a investigar a atuação do grupo.

Ecko era um dos bandidos mais procurados do país. Ele era o líder do "Bonde do Ecko", antiga Liga da Justiça — grupo de milicianos que já atua há 16 anos na capital e mais recentemente, na Baixada Fluminense.

Ele foi rendido após a polícia deflagrar a operação "Dia dos Namorados" para prendê-lo. O miliciano foi localizado na casa da família, na comunidade de Três Pontes, no bairro de Paciência, na zona oeste da cidade, no último sábado (12). Ao todo, 21 policiais participaram da ação.

Segundo a Polícia Civil, ele foi baleado após reagir à invasão ao imóvel e posteriormente, dentro de uma van, já preso, quando tentou retirar a arma de uma policial. No momento, Ecko estava sendo levado para o helicóptero da polícia. Ele chegou a ser socorrido para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, na zona sul do Rio, mas chegou morto na unidade.