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Morte de Ecko divide e enfraquece milícia, diz secretário da Polícia Civil

"Às vezes falamos tanto de um bandido que ele passa a ser maior do que é, diz o delegado Allan Turnowski, secretário da Polícia Civil - Divulgação/Polícia Civil
"Às vezes falamos tanto de um bandido que ele passa a ser maior do que é, diz o delegado Allan Turnowski, secretário da Polícia Civil Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Colaboração para o UOL

15/06/2021 09h13Atualizada em 15/06/2021 10h43

Apontado como chefe da maior milícia do estado do Rio de Janeiro, Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko, não tinha "guarida" do Estado e policiais que atuavam na proteção dele serão investigados e presos, disse o secretário da Polícia Civil, delegado Allan Turnowski, em entrevista ao jornal O Globo. Ecko foi morto no último sábado (12) durante uma operação da Polícia Civil do Rio. Na avaliação do delegado, "a morte divide e enfraquece a milícia".

O Ecko não tinha a guarida do Estado. A Polícia Civil tem cerca de nove mil homens. A Polícia Militar tem 45 mil. Desse total, algumas pessoas podem fazer a segurança dele ou vazar algum tipo de informação. Isso não é o Estado. O que acontece é que eu tenho de passar por cima disso porque, caso contrário, não atinjo os meus objetivos. O que eu tiver de elemento, eu vou tirar eles (os policiais corruptos) de circulação. Vou tirar o emprego deles e prendê-los. Eles têm de servir de exemplo para quem não se promiscuiu. Esse policial bandido que protege um Ecko ou um Tandera da vida não pode servir de exemplo. Ele tem de ser preso Allan Turnowski, secretário da Polícia Civil

O delegado afirmou ainda que o caderno apreendido com o Ecko está sendo investigado e estudado. "Quem era contato naquele celular e falava com ele naquele celular, é bom ficar esperto que vamos prender. Todos serão presos."

De acordo com o delegado, caso o Ecko não agisse durante a operação de prisão, a polícia não reagiria. "Ele escolheu (a morte). Não sei se tinha algum tipo de desespero. Ele tentou a sorte, não sei exatamente o que ele pensou (ao tentar roubar a arma de um policial) e acabou tomando um segundo tiro", disse Turnowski, acrescentando que a prisão e a morte de Ecko representam a desarticulação de um grupo criminoso e uma vitória para a sociedade.

Após o óbito de Ecko, a Polícia Civil trabalha com duas hipóteses: o enfraquecimento da milícia e a tomada do tráfico ou uma guerra interna em busca de poder. Em ambas a força-tarefa criada pela Polícia Civil para combater milícias não termina e aqueles que forem notados como chefes, seja na milícia ou no tráfico de drogas, se tornarão prioridade, afirma o secretário.

A criação da força-tarefa, segundo ele, visou entrar em duas vertentes: fiscalização do dinheiro da milícia e, ao mesmo tempo, a prisão. "Eu acreditava que iria prendê-lo e vou prender os outros. Não existe quem a Polícia Civil não vá buscar. Ficou famoso, foi preso. Não há exceção e não haverá", completa Turnowski.

Às vezes falamos tanto de um bandido que ele passa a ser maior do que é. Nunca um traficante ou miliciano será mais forte do que o Estado Delegado Allan Turnowski

Considerado o chefe da maior milícia do Rio de Janeiro, Ecko conseguiu manter os negócios ilegais apesar da pressão de ex-policiais, tradicionais "donos" desse tipo de organização criminosa. Eles tentavam retomar o domínio dos negócios, mas, segundo apurou o UOL, foram assassinados por Ecko ou por seus comparsas.

As investigações apontam que o miliciano se envolveu na morte de várias pessoas a fim de manter as atividades do "Bonde do Ecko", como extorsão de comerciantes, agiotagem, TV clandestina, transporte, gás e água.