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Apartamento onde casal morreu no Leblon não passou por inspeção de gás

Casal foi achado morto no Leblon; ambos tinham 30 anos - Reprodução/Instagram
Casal foi achado morto no Leblon; ambos tinham 30 anos Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

24/06/2021 11h42Atualizada em 24/06/2021 16h55

O apartamento onde o casal Mateus Correia Viana e Nathalia Guzzardi, ambos de 30 anos, foram encontrados mortos ontem no Leblon, no Rio de Janeiro, não havia passado por inspeção periódica no aquecedor de gás.

De acordo com a Naturgy, empresa que notifica os moradores sobre a necessidade do procedimento, as manutenções são fundamentais para garantia da segurança.

Segundo a empresa, o prazo para a realização da inspeção havia sido prorrogado para março de 2023 por conta da pandemia. Quem realiza a inspeção são companhias contratadas pelos próprios clientes. Elas devem ser habilitadas pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) para realizar a vistoria.

A necessidade da inspeção é uma lei estadual no Rio de Janeiro que busca garantir a segurança do gás em estabelecimentos comerciais e residências. Ela ocorre a cada cinco anos para verificar se as instalações e aparelhos estão de acordo com as normas técnicas de segurança vigentes.

Em nota, a Naturgy ainda informou que "alerta para importância do cliente fazer manutenções periódicas nos seus equipamentos e instalações internas a gás para garantir a segurança e seu correto funcionamento."

O especialista em gerenciamento de risco Gerardo Portela aponta alguns problemas nos aquecedores que podem causar a intoxicação apontada como possível causa da morte do casal.

"Pode haver alguma falha na parte superior do equipamento, o duto estar mal fixado, mal encaixado, o que permite o escapamento de gás. Pode ter também um problema no queimador que resulta numa chama com queima incompleta e de qualidade ruim que acaba produzindo monóxido de carbono responsável pela intoxicação".

Portela lembra que o monóxido de carbono impede a oxigenação do sangue, o que leva a desmaios e até à morte dependendo do tempo de exposição da pessoa ao gás, prolongado em caso de cômodos sem ventilação, como o banheiro, não recomendados para instalação de aquecedores que não sejam adaptados a locais fechados.

Morte por intoxicação

O exame de necropsia feito no casal encontrado morto na noite de ontem apontou "sinais gerais de asfixia, como coloração carminada dos tecidos, sugestivo de intoxicação exógena", o que reforça a tese de que os dois morreram em decorrência da concentração de monóxido de carbono no cômodo.

A delegada Natacha Alves de Oliveira, titular da Delegacia do Leblon, responsável pelas investigações, disse ao UOL que a principal suspeita é que os jovens tenham sido vítimas de um acidente doméstico, já que o aquecedor de água ficava dentro do banheiro onde eles estavam, sem ventilação.

"O apartamento não tem sinais de arrombamento, o basculante do banheiro estava fechado e o chuveiro estava ligado, o que reforça a linha de investigação de vazamento de gás", afirmou.

Ainda, de acordo com a delegada, exames complementares foram solicitados para confirmar se a morte ocorreu em decorrência de asfixia por monóxido de carbono.