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'Inventou história', diz delegada sobre jovem preso por morte de estudante

Colaboração para o UOL

20/07/2021 13h39Atualizada em 20/07/2021 16h33

A delegada Deise Ruschel, responsável pela investigação da morte da estudante de psicologia Joana Fabris Deon, de 19 anos, disse hoje que o namorado da vítima - que é o principal suspeito - poderia prejudicar as investigações se continuasse em liberdade.

"Ele inventou uma história para justificar uma situação que segundo ele é um acidente. Para mim, ele em liberdade poderia prejudicar a investigação. Elementos indicam materialidade, autoria e mais o requisito legal", afirmou durante entrevista ao UOL News.

Joana morreu no sábado (17), em Bento Gonçalves (RS), após o namorado, Paulo Eduardo Scaravonatto, também de 19 anos, disparar uma arma calibre 38, de acordo com investigação da Polícia Civil. Ele chegou a simular um latrocínio, mas foi denunciado pelo próprio pai e preso já no sábado.

Segundo a delegada, as próximas diligências vão ouvir testemunhas, aguardar provas periciais e solicitar outras provas técnicas. Deise ressalta que o pai do suspeito prestou um depoimento bastante detalhado explicando os fatos desde o momento em que Joana entra na residência até a hora que ele vai dormir e é acordado pelos disparos da arma de fogo.

"Ele fez o certo mesmo sendo difícil. Não é uma atitude fácil de adotar, um pai que cria um filho e tem que dizer na polícia que ele é o autor de um crime tão grave. Ele foi honrado, foi correto e fez isso. Temos duas famílias sofrendo, uma que perdeu sua filha e outra de um pai que está perdendo o filho de certa forma", comenta.

O crime

Joana deu entrada na madrugada de sábado (17) no Hospital Tachini, com ferimentos no tórax resultante de um disparo de arma de fogo. O namorado dela declarou à BM (Brigada Militar) e à Polícia Civil que a vítima reagiu a um assalto na rua, sendo baleada.

O suspeito foi liberado após o caso ser registrado como latrocínio. Mas horas depois, segundo a delegada Deise Ruschel, o pai do namorado da vítima procurou a Polícia Civil para contar a verdade sobre a autoria da morte de Joana, que seria de Paulo.

A Polícia Civil e a BM confirmaram a versão do pai ao identificarem a presença de sangue na casa do suspeito, o que fez o caso virar um suposto feminicídio.

Em depoimento, o suspeito afirmou que a arma estava na mão da namorada no momento do disparo. A família da vítima diz não acreditar em tiro acidental.

"Ele não confessou nada, mas disse que a vítima estava com a arma na mão e que aconteceu o que ele chamou de acidente. O pai deu bastantes detalhes de como foi a dinâmica e, a partir disso, entendemos que foi o rapaz que matou", afirmou a delegada Deise Ruschel.

'Cheia de vida e promissora': Família lamenta morte

A jovem gaúcha Joana Fabris Deon, de 19 anos, teve os próprios sonhos interrompidos "de forma precoce", segundo a família. "Cheia de vida", como descreve um tio, e cursando duas graduações ao mesmo tempo, a vítima era considerada um prodígio, relatam os parentes.

Segundo o tio da jovem, Luiz Fabris, de 50 anos, Joana era filha única da irmã dele e constantemente era motivo de orgulho para a mãe, após ser aprovada em psicologia e pedagogia. A vítima cursava ambas as graduações.

"Era uma menina cheia de vida e com um futuro promissor porque estudava em dois cursos. Infelizmente era filha única da minha irmã. Foi uma tragédia para a nossa família", lamentou ao UOL, o tio da jovem.

Apesar da idade de Joana, segundo a família, a jovem também exercia o papel de apoio aos parentes em momentos difíceis. O tio lembra que semanas antes de morrer, a vítima o presenteou com um livro para ajudá-lo a enfrentar um câncer.

"Ela me entregou um livro sobre espiritualidade para me ajudar a entender melhor a relação do ser humano com a vida, me deixando um bilhete sobre o olhar que eu deveria ter ao ler o livro, mas ocorreu essa fatalidade, que foi no dia do aniversário da avó dela", contou ele.

Para o tio, Joana não se viu em perigo ao lado do namorado em razão "da bondade no coração". "Ela acabava não percebendo os perigos que a vida oferece, sendo vítima da própria ingenuidade e da liberdade que exercia. Foi vítima da bondade que tinha no coração", concluiu.