Terceiro suspeito de incendiar estátua do Borba Gato se entrega à polícia
Danilo Silva de Oliveira, o 'Biu', se entregou na tarde de hoje no 11ª DP (Santo Amaro) após ter prisão preventiva decretada como um dos investigados por incendiar a estátua do Borba Gato, na capital paulista. Ele é o terceiro envolvido detido por depredar patrimônio público.
O homem, que trabalha como motorista de aplicativo e é aluno universitário, é um dos torcedores corintianos que passaram mais de 100 dias presos na Bolívia em 2013, após a morte do adolescente Kelvin Espada, atingido por um sinalizador em uma partida contra o San Jose, pela Libertadores da América.
Em vídeo postado no perfil do ativista Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Galo, 'Biu' afirma que sua prisão é um ato arbitrário e "uma clara perseguição aos movimentos sociais" e reforça que não se arrepende da ação contra o monumento a Borba Gato.
"Como as pessoas podem passar na frente de um símbolo de extermínio e perseguição, como foi o Borba Gato, que representam nossos algozes, que nos escravizaram, e nos usaram como animais? E querem nos manter no mesmo lugar, calados, dentro das favelas, por isso que existem essas estátuas, é um recado dado. Um monumento desses é uma ofensa a mim, aos meus ancestrais, e deveria ser a vocês também", afirma.
Além de Danilo, o motorista Thiago Vieira Zem, que transportou o grupo até a estátua, e o entregador de aplicativo e ativista Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Galo, também tiveram prisão decretada.
Thiago declarou à Polícia Civil que não sabia o objetivo do frete que contratou seus serviços, transportando os materiais usados no incêndio. Sua liberdade provisória foi declarada em 25 de julho.
No caso de Galo, o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) negou os pedidos de liberdade feitos até o momento. A decisão foi proferida pelo juiz plantonista Xisto Rangel ontem. Esta é a segunda decisão contra Galo desde que o ministro Ribeiro Dantas, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), emitiu liminar que mandava soltar o ativista, na última quinta (5). Na sexta (6), uma nova decisão do TJ-SP contra a liberação fez com que a liminar perdesse a validade, já que se referia à revogação de uma prisão temporária.
"O argumento de que o ato de escancarado vandalismo seria mera manifestação democrática e de que não teria gerado consequências de monta prescinde de verossimilhança, haja vista ser notório que o direito de manifestação não abriga a destruição do patrimônio público, atitude flagrantemente ilegal", argumentou Rangel em sua decisão.
Além disso, argumenta o magistrado, "o tratamento leniente aqui desejado [...] fatalmente poderá servir de estímulo a que muitos outros que nele se espelham, ou que o glorificam pelo que fizera, se sintam estimulados à replicação".
Os advogados preferiram não se pronunciar neste domingo, mas a defesa tem chamado a manutenção da prisão do ativista como uma decisão "ilegal e política" que "visa a criminalização de movimentos sociais".
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