'Vimos balão cair', diz bombeiro que atuou em incêndio no parque Juquery
Por volta das 10h de ontem (24), uma equipe de bombeiros florestais do Parque Estadual do Juquery, em Franco da Rocha (SP), levou à administração local destroços de um balão, que, possivelmente, causou o incêndio no parque situado na região metropolitana de São Paulo.
O fogo começou na manhã de domingo (22) e queimou pelo menos 80% da vegetação.
A nossa equipe estava lá na hora da queda, no domingo. Nós vimos o balão cair no mesmo local, temos certeza absoluta de que se trata do mesmo material encontrado hoje.
Williams da Rosa, brigadista florestal
Williams da Rosa, Richard Hernandes da Silva e Carlos Augusto localizaram a carcaça do balão no Setor C do parque, próximo às dependências da Fundação Casa, no mesmo local onde as chamas tiveram início.
Os destroços foram coletados pela Guarda Civil Ambiental de Franco da Rocha e enviados para perícia.
Naquele dia, nós monitoramos cerca de 20 balões no céu. Quando esse caiu, nós tentamos combater o incêndio, mas o fogo se alastrou rápido demais.
Richard Hernandes, brigadista florestal
Fundado no ano de 1993, o parque possui uma área de 1.927 hectares, sendo considerado o único remanescente do cerrado na região.
"Tudo o que aconteceu aqui é muito triste, pois os animais dependem do cerrado e muitas pessoas se beneficiam do local. Há gente que tem depressão e vem ao parque para caminhar e ter contato com a natureza", diz Hernandes.
Desde o início do incêndio, no último domingo, uma enorme equipe formada pelo Corpo de Bombeiros, brigadistas florestais, além da Guarda Civil Metropolitana, do Departamento de Estradas e Rodagens, equipes de proteção animal e membros da Defesa Civil das cidades de Franco da Rocha, Caieiras e Mairiporã, tem atuado no combate ao fogo no local. Ao todo, foram mais de 600 pessoas se revezando nas tarefas para contenção do fogo.
Resgate de animais silvestres
Também vieram ajudar médicos veterinários voluntários, especificamente no resgate de animais.
Até o momento, foram resgatados sete animais com vida: um ouriço, dois lagartos, uma serpente, dois calangos e um tatu-mirim. Este último, salvo ontem de madrugada, recebe cuidados da equipe médica no Núcleo de Educação Ambiental.
Segundo Luciana Guimarães, que atuou no resgate, o tatu não teve queimaduras. "Ele não era uma vítima direta do incêndio, mas foi encontrado desidratado e correndo riscos por causa da forte fumaça", conta.
A veterinária faz um alerta: "Por causa do fogo, muitos animais silvestres irão fugir para áreas urbanas. Caso algum munícipe tenha contato com esse tipo de animal, não tente capturar e nem muito menos tente agredi-lo. Entre em contato com o Corpo de Bombeiros pelo número 193, que o resgate será realizado de forma segura e imediata".
Por volta do meio-dia, um almoço foi servido para todos. No cardápio, havia arroz, macarrão, linguiça frita e salada de cenoura.
A refeição foi preparada e servida por funcionários do próprio parque, contando com o apoio de voluntários. Entre eles, estava a gerente financeira Lucimara Lima, que reside na cidade de Caieiras e frequentadora assídua do parque Juquery.
Eu amo esse parque, venho fazer trilha aqui todos os domingos. Quando vi que ele estava em chamas, mais do que depressa me organizei para estar aqui ajudando.
Lucimara Lima, voluntária
Todos os alimentos foram doações de moradores e da Prefeitura de Franco da Rocha: "Chegou um momento em que a gente tinha muito alimento e não queria arrecadar mais para não correr o risco de estragar", diz Lucimara.
Por volta das 14h, foi realizado mais um trabalho de resfriamento na mata, contando com 76 membros da Escola de Corpo de Bombeiros de Franco da Rocha.
Quem acompanhou de perto toda a ação foi o gestor do parque, Adriano Candeias de Almeida, que também atua como coordenador de um dos polos da Operação Corta-Fogo na região metropolitana.
A gente passou o dia tentando apagar o que restou do fogo. Derrubamos árvores que estavam queimando e colocamos os troncos em uma área que já estava queimada, para não ter perigo do fogo alastrar novamente.
Adriano Candeias de Almeida, gestor do parque
Ele detalhou a ajuda: "Contamos também com o apoio de aeronaves que passaram o dia jogando água sobre as áreas com maior risco, ao todo foram realizados 29 lançamentos de água".
Segundo Adriano, o que dificultou a contenção do fogo é uma situação extremamente desfavorável apelidada de 30-30-30: "Nós tentamos apagar o incêndio com a umidade relativa do ar abaixo de 30%, com a temperatura acima 30° e com o vento acima de 30 km/h. Tudo isso facilita para que a chama se propague e que o fogo tome outras proporções".
Segundo o gestor do Parque Estadual do Juquery, hoje vai ser mantido o trabalho de resfriamento: "Vamos continuar com o trabalho de rescaldo, contando com apoio de toda a brigada de incêndio e com o Corpo de Bombeiros. De manhã teremos mais lançamentos de água", finaliza.
Geada ajudou na propagação das chamas
Williams explica que o vento muito forte no momento da queda do balão, somado à proporção que o fogo tomou, corroborou com o tamanho do estrago realizado: "Na madrugada anterior ao incêndio, houve uma geada, que de certa forma secou as árvores e vegetação do local, virando um grande combustível para o fogo".
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