Quem é Ninão, homem com gigantismo que trocará cadeira de rodas por prótese
Joelison Fernandes da Silva, de 36 anos, da pequena Assunção (PB), foi reconhecido como o homem mais alto do Brasil duas vezes. Antes de descobrir uma infecção que comprometeu sua perna direita e o obriga a decidir por uma amputação, ele participou de diversos programas na TV e viu a vida mudar. Com gigantismo, doença caracterizada pelo excesso do hormônio do crescimento na infância e puberdade, ele mede hoje 2,37 metros.
"Com cinco anos, eu era uns 20 centímetros mais alto que meu irmão mais velho, Joabson, de sete. Cada dia crescia mais. Meu pai e minha mãe perceberam que não era normal e procuraram um médico; quando eu tava com 14 anos, tinha 1,95 metro de altura", disse Joelison, conhecido como Ninão, em conversa com o UOL.
O apelido, inclusive, veio dessa relação fraternal. "Meu irmão não me chamava de Joelison, porque era difícil de falar. Ele colocou um apelido e me chamava de Nininha. Eu era da altura dele. Fui crescendo e, depois, ele passou a me chamar de Ninão. Aí pegou", afirma rindo.
Na adolescência, ele foi diagnosticado com gigantismo e recebeu indicação para se submeter a uma cirurgia. A intervenção seria para a retirada de tumores benignos na hipófise, glândula endócrina localizada na parte inferior do cérebro responsável por produzir o hormônio do crescimento. Mas Joelison não aceitou passar pelo procedimento.
"Eu tava com medo da cirurgia, porque era para 'abrir a cabeça' e tirar o tumor, era arriscado. Vim para a casa, no momento chorei muito", confessa o gigante. Crescendo cada vez mais nos seis anos seguintes, aos 21 anos, ele procurou novamente o médico, que então o informou sobre uma cirurgia a laser. Desta vez, ele topou.
Visibilidade
Foi em 2007 que Ninão, aos 22 anos, participou de um programa de uma emissora local paraibana, em João Pessoa, e sua vida começou a mudar. Ele foi reconhecido pela primeira vez como "homem mais alto do Brasil", então com 2,29 metros, pelo RankBrasil e, desde então, passou a ser abordado por programas de TV em São Paulo, chegando a participar do "Tudo é Possível", comandado por Eliana na RecordTV, a ser destaque no "Domingo Espetacular", na mesma emissora.
"Sofria muito com dificuldades para encontrar uma roupa, um calçado", explica. Depois da visibilidade, ele passou a receber mais recursos, que possibilitaram adaptações para sua rotina.
Em 2013, no Programa Silvio Santos, no SBT, revelou ao mundo ter crescido ainda mais. Seus 2,37 metros foram reconhecidos apenas no ano seguinte, durante a transmissão de outro programa do SBT, o "Domingo Legal", que convidou um fiscal do RankBrasil para atestar que o jovem, então com 29 anos, tinha batido o próprio recorde.
Desde então, o sucesso local foi consolidado e sua relação com a própria comunidade mudou. "Todo mundo que passa na minha cidade faz questão de vir na minha casa tirar uma foto. Sou muito grato a Deus por hoje em dia ser reconhecido, ser uma atração, ser diferente. Antes eu era muito criticado por muitos".
Nem sempre foi assim
Joelison passou por momentos difíceis na sua infância devido à altura. Na escola, recebeu diversos apelidos e o bullying o levou a abandonar os estudos.
"Parei de estudar na quarta série devido a isso. Retornei com 22 anos e terminei meu segundo grau", declara Joelison. Morador de cidade pequena, ele diz não ter feito faculdade por dificuldade de transporte e outras adaptações necessárias.
Saúde em xeque
Ninão sofria com feridas no pé direito há cerca de 12 anos, mas não sabia ao certo o que causava os ferimentos que sempre ressurgiam, cicatrizavam e desapareciam. Foi apenas em 2018, depois de ficar internado por três meses, em um hospital de Campina Grande (PB), que ele recebeu o devido diagnóstico. Ele sofre de osteomielite, uma infecção no osso causada por bactérias, micobactérias ou fungos.
"Nunca tinha feito exame para saber o que era ao certo. Fiquei internado no hospital por três meses e os médicos pediram exames", explica. "Estourava ferimentos no pé, só que aí a gente não sabia o que era. Passava dois ou três meses sofrendo e cicatrizava. Eu ia vivendo a vida normal".
Após o diagnóstico, ele foi impedido de andar com frequência e passou a ficar apenas numa cadeira de rodas. Sempre apoiado pela família, hoje ele fica a maior parte do tempo deitado ou sentado e isso atrapalhou uma das suas principais fontes de renda.
"Antigamente, eu trabalhava com propagandas e eventos e agora eu não consigo mais, o pessoal não chama. Porque o que interessa é ver a altura e eu sentado não chamo atenção", lamenta.
Desde 2020, novos exames revelaram a necessidade da amputação da sua perna para impedir que a infecção se espalhasse pelo resto do corpo de Ninão. Ele negou em um primeiro momento, mas agora está preparado para a nova fase. "Neste ano vim pensando e analisando e vi que é a melhor forma de resolver e eu ter condição de voltar à vida normal", admite.
Ele conseguiu apoios e recursos para arcar com esta cirurgia e, nesta semana, abriu uma vaquinha para levantar fundos e comprar uma prótese adaptada. Seu maior desejo é voltar a ter uma vida normal. "Com a prótese, vai facilitar bastante".
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