Henry: Desempregada, babá não recebeu benefício por nova versão, diz defesa

A babá de Henry Borel, morto na madrugada de 8 de março, não recebeu benefícios para mudar novamente a sua versão em depoimento nesta quarta-feira (6) no primeiro dia de audiências sobre o caso ao afirmar nunca ter visto agressões cometidas pelo padrasto do menino, diz a defesa da ex-funcionária da família.

Em entrevista ao UOL, a advogada Priscila Guilherme Sena ainda revelou que Thayná de Oliveira Ferreira está desempregada e descartou que tenha sido coagida pela família do ex-vereador Dr. Jairinho. Ele e Monique Medeiros, mãe do garoto, respondem por homicídio triplamente qualificado.

Relacionadas

Pai de Henry Borel viu Monique pela 1ª vez desde enterro, diz advogada

Babá de Henry muda depoimento novamente e diz que nunca viu agressões

Avó de Henry ouve pregação, e pai passa mal: os bastidores da 1ª audiência

Thayná já conhecia a família de Jairinho. Ela foi indicada pela própria mãe para trabalhar como babá de Henry, função que começou a desempenhar a partir de 18 de janeiro —dois meses antes do crime. Questionada pelo UOL após a mudança de versão na audiência, a advogada disse que o novo posicionamento deve ser confrontado.

A Thayná continua com o mesmo status de antes, desempregada. Certamente irão confrontar os três depoimentos, mas eu só oriento meus clientes a dizerem o que querem dizer. Cada um responde por seus atos. Eu só farei a defesa dela, se ela precisar e quiser que eu continue com ela. Acho que precisa ser feita justiça no Caso Henry
Priscila Guilherme Sena, advogada da babá de Henry

Em seguida, se posicionou sobre a nova mudança de versão. "Infelizmente, eu não posso induzir o depoimento de ninguém. Ao sentar lá, as pessoas sabem que têm o compromisso de dizer a verdade. Agora, qual a verdade sobre o que realmente aconteceu somente eles [babá, Jairinho e Monique] poderão dizer", completou.

Advogado de Dr. Jairinho, Braz Sant'anna também descartou a possibilidade de coação. "Não acredito nesta hipótese. Se a versão de Thayná fosse desfavorável à defesa de Jairo, nós teríamos o mesmo discurso", disse. Já o promotor Fábio Oliveira disse que a babá foi influenciada pelo ex-vereador e tentou transformar a mãe de Henry em um monstro.

Como babá mudou de versão pela 1ª vez

Após negar agressões à Polícia Civil, a babá confirmou ter presenciado ao menos três atos de violência de Jairinho contra Henry. O relato onde detalhou os episódios foi gravado em vídeo pelos investigadores contra uma possível nova mudança.

Na versão sobre os episódios de violência, em abril deste ano, a babá confessou ter mentido e revelou arrependimento: "desculpe por ter mentido", repetia ao delegado, segundo revelou ao UOL na época a advogada Priscila Guilherme Sena.

"Ela se emocionou bastante nos momentos em que lembrava do menino. Ficava dizendo que ele era muito carinhoso. Durante o depoimento, ela chorava muito e ficava pedindo desculpas ao delegado", disse a defensora na época.

Depois, a babá disse estar cuidando da própria saúde mental ao revelar que tentava esquecer do caso.

Polícia mostra 'prints' para revelar "mentira"

Após a prisão, a Polícia Civil do Rio falou que a babá havia mentido no depoimento e apresentou os prints do diálogo entre ela e a mãe de Henry, que revelavam agressões a Henry com rasteira e chutes. Veja a íntegra das mensagens.

Um dia antes do novo depoimento, quando revelou as agressões, a advogada Priscila Sena disse ter falado com Thayná pessoalmente pela primeira vez na casa da mãe da babá, em Bangu, zona oeste do Rio. Na conversa, que durou quase três horas, ela demonstrava nervosismo e acreditava que poderia ser presa.

'Doutora, eu vou ser presa?'

"Ela [Thayná] me perguntou: 'Doutora, eu vou ser presa?'. Eu só falei que ela precisava contar a verdade. Aí, ela me contou exatamente o que está no depoimento, relatando os três casos de agressões, quando o menino aparecia machucado [após estar com Jairinho]", lembrou Priscila Sena.

Questionada na época sobre a primeira versão sobre o caso, quando disse à polícia que a relação da família era harmônica e não relatou os episódios de violência, a advogada disse que a babá se sentiu pressionada pela mãe do menino.

"Ela se sentiu bastante pressionada pela Monique, e também ficou desconfortável com a abordagem do advogado [André França Barreto, que deixou o caso nesta semana]", disse.

Em depoimento, a babá disse ter sido levada ao escritório do advogado após a morte de Henry, onde falou com o advogado e com Monique. França não foi localizado pelo UOL para se posicionar novamente sobre o caso.