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Novos ossos de dinossauro são encontrados em rodovia no interior de SP

Etapa de escavação, utilizando um martelete, para expor o fóssil do titanossauro  - Arquivo Pessoal/William Nava
Etapa de escavação, utilizando um martelete, para expor o fóssil do titanossauro Imagem: Arquivo Pessoal/William Nava

Pietra Carvalho

Do UOL, em São Paulo

09/11/2021 23h29Atualizada em 10/11/2021 08h57

Mais um fóssil de dinossauro foi encontrado na rodovia SP-333, na altura de Marília (SP). Outros ossos de criaturas do período Cretáceo, que viveram há pelo menos 65 milhões de anos, já foram localizados na obra de duplicação da estrada em julho, setembro e em outubro deste ano.

Segundo o paleontólogo William Nava, que trabalha na recuperação dos fósseis na região, a situação é comum pela exploração de rochas durante a obra, o que acaba os expondo. Em entrevista ao UOL, ele explicou que os restos retirados hoje fazem parte do fêmur de um titanossauro e já estão no Museu de Paleontologia da cidade paulista. Esse gênero de dinossauro chegava a ter de 9 a 12 metros de comprimento.

Embora seja 'mais um' osso de dinossauro, representa mais um indivíduo da família que viveu aqui. O estudo desses fósseis responderá a uma série de questões sobre o ambiente que havia aqui no passado, sobre como era a região há milhões de anos e por que esses bichos desapareceram. Então, cada nova descoberta de um dinossauro ou de qualquer organismo fóssil é super importante para a ciência.
William Nava

Titano - Reprodução	 - Reprodução
Ilustração mostra um tipo de titanossauro, conhecido por seu longo pescoço
Imagem: Reprodução

Nava detalhou ainda que o quebra-quebra ao longo de centenas de metros faz com que vários pedaços de ossos venham a tona em diferentes partes da rodovia. Até o momento, já foram encontrados indícios de pelo menos dois titanossauros diferentes, com ossos localizados em níveis diversos.

Para que os fósseis sejam extraídos com sucesso, a equipe do museu de Marília está contando com a cooperação da Concessionária Entrevias, que conduz a obra. Ao avistar qualquer sinal de ossos, os funcionários acionam o geólogo Nilson Bernardi, que faz o monitoramento paleontológico da rodovia.

"Pode acontecer de quem es operando o trator pensar que é pedra e descartar. Por isso, na medida do possível, os tratoristas são orientados a, quando perceber algo diferente entre as rochas, entrar em contato com a pessoa que faz o monitoramento, o geólogo", explicou Nava.

A frequência das descobertas desses fósseis na região da cidade paulista é explicada por sua localização geográfica, dentro da chamada Bacia Bauru, que engloba o oeste paulista, o triângulo mineiro, o sul de Goiás e uma parte do Mato Grosso do Sul. Essa área contém rochas formadas no período Cretáceo, o que aumenta a probabilidade de encontrar essas criaturas durante trabalhos nas rochas.

No caso de Marília nós, temos registros de vários titanossauros que, por coincidência, foram encontrados em uma rocha chamada 'formação Marília', que fica dentro da Bacia. Essa unidade geológica é portadora de fósseis porque, no passado, essas rochas eram provavelmente fundos de rios e lagos. E aquele dinossauro, aquele crocodilo, que era transportado para o fundo lamacento daquele ambiente, acabou virando o fóssil que nós encontramos hoje, enquanto aquela lama virou rocha.

Nava afirma ainda que tem a expectativa de que o Museu de Paleontologia de Marília possa expor essas novas descobertas ao público, após sua identificação completa. No momento, o espaço está fechado para reformas, previstas até fevereiro ou março de 2022.