"Parei no tempo", diz mãe de vítima da Kiss em júri em Porto Alegre
Uma imagem do filho sorrindo estampa a camiseta da funcionária pública Rosmeri Garcez Biscaino, 58. Ela foi duplamente atingida pelo incêndio na boate Kiss: o filho Cássio, na época com 20 anos, acabou morrendo na casa noturna. Já o outro filho, Renan, 25, acabou sobrevivendo, mas teve sequelas respiratórias e precisou ficar em tratamento por cinco anos.
Rosmeri veio de longe para acompanhar o júri dos quatro réus acusados pela boate Kiss, que iniciou hoje em Porto Alegre e deve se estender por cerca de 15 dias. Percorreu 465 km de Manoel Viana, na fronteira oeste, até a capital gaúcha.
Demorou muito para ocorrer esse júri. Não sei se se chama justiça, para mim isso é injustiça. Já se passaram quase nove anos e eu parei no tempo. Quero que eles saiam daqui presos."
Rosmeri Garcez Biscaino, funcionária pública
No dia da tragédia, os jovens não avisaram à mãe que iriam para Santa Maria —onde ficava a boate. "Eles iam para Santana do Livramento no sábado, mas o Cássio não queria ir. Eu falei com eles às 23h15 e disseram que estavam em casa, mas eu estranhei porque tinha um barulho diferente. Mas fui dormir tranquila."
No meio da madrugada, ela recebeu uma ligação de um parente, avisando que o filho Renan estava hospitalizado. Só soube depois que o outro filho não havia sobrevivido —ele não conseguiu nem deixar a boate.
No momento do incêndio, os dois estavam em pontos diferentes da Kiss. Renan estava mais próximo da saída e trancou a respiração devido à fumaça. Mesmo assim, teve uma perfuração no pulmão e precisou de tratamento no HUSM (Hospital Universitário de Santa Maria).
Maior da história do judiciário gaúcho
Seis homens e uma mulher foram escolhidos, mais cedo, para compor o Conselho de Sentença do Tribunal do Júri que julga os quatro réus acusados de serem os responsáveis pelo incêndio na boate Kiss.
O Tribunal do Júri ocorre após mais de oito anos da tragédia, que matou 242 pessoas e deixou 636 feridos. Devido ao tempo de duração e estrutura envolvida, esse júri é considerado o maior da história do judiciário gaúcho.
Os réus são os dois sócios da boate —Elissandro Callegaro Spohr, conhecido por Kiko, e Mauro Londero Hoffmann— e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira —o produtor musical Luciano Augusto Bonilha Leão e o músico Marcelo de Jesus dos Santos.
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