Trabalhadora e boa mãe: quem era a jovem sumida de Jurerê e achada morta
Supertrabalhadora, alegre e apaixonada por tatuagens: a personalidade da promotora de vendas Amanda Albach, 21, foi lembrada em homenagens de amigos após seu corpo ser encontrado na praia de Itapirubá, em Imbituba (SC), a 90 km da capital do estado.
A descoberta ocorreu após três amigos da jovem serem presos ontem, em Canoas (RS). Ela foi oficialmente declarada desaparecida em 15 de novembro, dois dias depois de sair do beach club P12, na praia de Jurerê, região nobre de Florianópolis.
Jean Carlos, responsável por várias das tatuagens de Amanda, foi um dos que dedicaram uma postagem à amiga.
"Vou me lembrar de ti sorrindo, a menina incrível que era. Cada papo e cada plano que você fazia, suas indecisões sobre qual tattoo seria a próxima, todas as vezes que me agradeceu por cada tattoo que fazia. Além de cliente, era muito minha amiga!! Vai fazer muita falta aqui, espero que onde estiver esteja sempre sorrindo", escreveu o rapaz.
Antes de o corpo da promotora de vendas ser encontrado, Gabriella Lacerda, amiga de longa data de Amanda, também deu um depoimento sobre a jovem ao UOL, destacando sua dedicação ao trabalho e à filha, de 2 anos e 11 meses.
"Amanda é uma pessoa muito amada pelos amigos, nunca fez mal a alguém, é uma mulher super trabalhadora. Cuida muito bem da sua filha que tem apenas 2 anos, nunca deixou faltar nada a ela. Quando um amigo precisa de ajuda dela, ela sempre estende a mão", elogiou.
Já Hevilyn Bruna, outra colega da vítima, relembrou a mulher como sendo "alegre e maravilhosa", destacou seu lado festeiro e mostrou revolta com a "crueldade" do caso.
"A justiça de Deus não falha, que vocês paguem pro resto da vida a injustiça e crueldade que fizeram com a Amanda, ela não merecia ter passado por isso. (...) Como dói meu coração de saber que não iremos nos reunir com as meninas e fumar aquele narguilé, trocar aquela ideia. Lembrarei de você do jeito que você sempre foi, alegre e maravilhosa, que sempre quando tinha um tempo vinha nos ver, triste, muito triste", concluiu a mulher, que mora em Fazenda Rio Grande (PR), mesma cidade da promotora de vendas.
Amanda costumava ser discreta em suas redes sociais. Apesar de curtir páginas dedicadas a igrejas batista, ao clube de futebol Athletico Paranaense e focadas em memes da internet, o verdadeiro destaque de seu perfil são suas fotos em ensaios e em frente ao espelho de sua casa, além dos cliques ao lado da filha, a quem dedicava declarações.
"É tudo pra você e por você", escreveu a jovem em uma das publicações com a menina, destaque de seu perfil no Facebook. Fã de postagens com frases bem-humoradas ou motivacionais, ela fez seu último contato na rede social na tarde de 13 de novembro, quando compartilhou uma foto na praia com as palavras: "Perto de mar a gente é mais feliz".
Na ocasião, Amanda já tinha viajado do Paraná para Imbituba (SC), onde foi passar o feriado da Proclamação da República com um casal de amigos.
De acordo com o advogado da família, Michael Rodrigues Pinheiro, o trio preso ontem é composto pelo casal que acompanhava a jovem e por um conhecido que foi visto com a vítima no beach club P12 ainda no dia 13.
Os suspeitos moram em Laguna, mas são naturais de Canoas (RS). Eles prestaram depoimento à Polícia Civil e, segundo o advogado que representa a família de Amanda, apresentaram contradições nas versões, o que levantou a suspeita das autoridades.
Os parentes analisaram imagens da balada em Jurerê Internacional e descobriram que a jovem compareceu ao local em 13 de novembro, durante uma festa que ocorria ao longo do dia.
Segundo a família, Amanda mandou uma mensagem de áudio para uma sobrinha, na noite de 15 de novembro, informando que iria pegar um carro por aplicativo para retornar ao Paraná. Os parentes não tinham certeza se a voz era, de fato, de Amanda e se ela retornaria ao Paraná partindo de Florianópolis ou de Imbituba.
Após a localização do corpo, a reportagem tentou contato novamente com o advogado da família, mas as ligações não foram atendidas. As identidades dos suspeitos não foram divulgadas pela polícia.
Jovem foi obrigada a cavar a própria cova, diz polícia
Antes de ser morta com dois tiros, Amanda foi obrigada a cavar a própria cova, segundo investigação da Polícia Civil. Ela teria sido assassinada por fotografar um homem armado, com histórico de tráfico de drogas, que temeu ser denunciado.
A Polícia Civil passou a tratar o rapaz e dois amigos da promotora de vendas como suspeitos após informações desencontradas nos depoimentos deles ao longo da investigação sobre o desaparecimento da jovem, informou o delegado Bruno Fernandes em coletiva na tarde de ontem.
Após coletar elementos que ligavam o trio ao desaparecimento, a Polícia Civil conseguiu na Justiça um mandado de prisão temporária por cinco dias contra os envolvidos.
Em depoimento hoje, um dos amigos confessou que a matou e indicou a localização do corpo, em uma cova rasa, na praia de Itapirubá, em Imbituba.
A investigação concluiu que Amanda e os amigos foram para Jurerê Internacional durante o dia, em 14 de novembro. De lá, retornaram à noite para Imbituba. Na noite de 15 de novembro, a vítima teria visto uma arma de fogo com um dos suspeitos e batido uma foto, encaminhada a outras pessoas.
"A investigação aponta que a Amanda viu uma arma de um desses investigados, bateu uma foto e encaminhou a terceiros. Essa pessoa se descontentou e decidiu dar fim à vida dela porque sentiu que corria algum risco de ser denunciado", informou o delegado.
Apenas o suspeito de portar a arma de fogo já tinha passagem pela polícia, pelo crime de tráfico de drogas. A Polícia Civil diz que os outros dois que hospedavam Amanda não participaram nem presenciaram a cena do crime, mas acabaram se omitindo.
Pouco antes de morrer, Amanda chegou gravar um áudio e mandou por WhatsApp para uma parente informando que pegaria um carro de aplicativo para retornar para casa, no Paraná.
De acordo com a Delegacia de Investigação Criminal de Laguna, responsável pelo inquérito, Amanda mandou o áudio obrigada pelo suspeito como uma maneira de despistar a investigação. Depois da mensagem, a vítima ainda cavou a própria cova com uma pá e acabou morta com dois tiros, revelou o suspeito.
"O suspeito contou que levou Amanda até a praia de Itapirubá e obrigou que ela cavasse a própria cova. Antes de ser morta, ainda a ordenou a gravar um áudio aos familiares dizendo que pegaria um carro de aplicativo para retornar ao Paraná", contou o delegado.
A Polícia Civil ainda não informou se algum dos três suspeitos já teve defesa constituída. O UOL segue tentando contato e este espaço será atualizado tão logo haja manifestação.
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