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Vítima de acidente em MG: 'Cinto me salvou; minha amiga foi arremessada'

Rayanne Albuquerque

Do UOL, em São Paulo

29/12/2021 11h17Atualizada em 29/12/2021 19h39

O cinto de segurança salvou a vida da advogada Marina Thomaz durante o acidente envolvendo a queda de um ônibus fretado em uma ribanceira de 40 metros, localizada em João Monlevade, em Minas Gerais. O mesmo não aconteceu com a amiga dela, que acabou sendo arremessada durante o capotamento. A dupla seguia com outras amigas em um ônibus que tinha como destino em Guarapari, no Espírito Santo.

O cinto me salvou, fica até de alerta para o pessoal: o cinto salva vidas. Mas a minha amiga foi arremessada, o ônibus acabou caindo da ribanceira. O motorista perdeu o controle da direção. A gente ainda não sabe o que causou isso, mas virou quatro vezes na ribanceira.
Marina Thomaz, passageira do ônibus que caiu da ribanceira

As declarações de Marina Thomaz foram ditas durante entrevista ao UOL via telefone, horas após o acidente que deixou dois mortos — um homem e uma mulher — e mais de 30 feridos. Ao todo, 47 pessoas estavam no ônibus, incluindo o motorista. A amiga arremessada pela janela do ônibus sobreviveu ao capotamento e teve escoriações leves.

O acidente aconteceu durante a madrugada após o condutor do veículo sentir um mal-estar súbito, segundo relatou à PRF-MG (Polícia Rodoviária Federal de Minas Gerais). Voluntários e o Corpo de Bombeiros Militares de Minas Gerais socorreram as vítimas.

Ao UOL, a advogada contou que a empresa de transporte Jundiá Transportadora Turística esteve no local para prestar suporte aos passageiros. A transportadora é dona do veículo que conduzia viagem para o Espírito Santo. O frete foi realizado pelo aplicativo Buser.

A empresa de transporte estava no local [para onde fomos encaminhados depois] do acidente. A prefeitura disponibilizou albergues e representantes da empresa estavam no endereço para providenciar transporte. Quem queria seguir viagem poderia utilizar vans da empresa. Já quem quisesse ser encaminhado para casa, poderia contar com um táxi.
Marina Thomaz, passageira do ônibus que caiu da ribanceira

Horas antes do acidente, Marina Thomaz compartilhou detalhes sobre a viagem no Instagram - Reprodução / Instagram - Reprodução / Instagram
Horas antes do acidente, Marina Thomaz compartilhou detalhes sobre a viagem no Instagram
Imagem: Reprodução / Instagram

Horas antes do acidente, advogada comemorou a viagem durante do Reveillón. "Para fechar o ano com chave de ouro", escreveu em um stories nas redes sociais. Na sequência, Marina utilizou um emoji que representava a praia. A foto registrava o momento em que ela saia de casa com a mala rumo ao ônibus a caminho do Espírito Santo.

Após o acidente, no entanto, a advogada optou pela volta para casa. "Agora o pior já passou, estou a caminho de casa", detalhou ao UOL durante a ligação.

Socorro às vítimas foi feita por voluntários e bombeiros

Segundo informações do Corpo de Bombeiros mineiro ao UOL, a corporação foi acionada por volta das 6h para o atendimento às vítimas. No entanto, ao chegar no local, boa parte das pessoas já haviam sido retiradas do ônibus por serviços voluntários e populares.

Os militares atuaram na remoção de dez pessoas feridas e mais dois corpos de vítimas que estavam entre as ferragens e que morreram. Os óbitos foram constatados pela perícia no local do acidente.

No total, foram 34 vítimas feridas. Outras 11 não tiveram lesões aparentes, mas mesmo assim acabaram conduzidas em um ônibus coletivo para avaliação no hospital Margarida, em João Monlevade. Duas pessoas feridas precisaram ser submetidas a procedimentos cirúrgicos e permanecem internadas.

Outra vítima está em observação e as demais foram liberadas e direcionadas para o albergue da cidade. As informações foram confirmadas pela assessoria de imprensa da unidade hospitalar. Segundo o Hospital Margarida, detalhes sobre o estado de saúde das vítimas não serão informados.

O que diz a empresa do ônibus fretado

Em nota, a Jundiá Transportadora Turística lamentou a morte das vítimas e feridos durante o acidente. A empresa diz ter oferecido aos passageiros e ao motorista "total suporte", com assistência estendida às famílias.

De acordo com a empresa, o ônibus estava com toda documentação em dia, assim como as licenças e autorizações dos motoristas escalados para a viagem.

"A informação que temos é que o motorista sofreu um mal súbito, o que também será objeto de investigação. O profissional é habilitado há sete anos e está com todas as licenças, exames de saúde e toxicológicos, registros e cursos em dia, assim como tinha cumprido o período de descanso obrigatório entre uma viagem e outra".

O segundo motorista assumiria o ônibus na cidade de Manhuaçu (MG), após um total de cerca de 280 km ou cinco horas de viagem, menos do que exige a legislação.

O UOL também entrou em contato com a ANTT para confirmar se as licenças do veículo estavam em dia, conforme diz a empresa responsável. Aguardamos retorno.

As causas do acidente ainda estão sendo apuradas e a Jundiá afirma que prestará todo o suporte necessário para que os órgãos responsáveis "analisem, com a máxima brevidade, os fatores que causaram o acidente e que medidas de segurança sejam implementadas no local para evitar que fatos como este se repitam".

Já a Buser reforçou que tem prestado suporte às vítimas e disse que pretende colaborar com as investigações policiais sobre o caso. O aplicativo de transportes fretados disse ainda que tem a segurança como um dos pilares de sua atividade.

"A empresa oferece, gratuitamente, treinamentos regulares aos motoristas parceiros. Além disso, desde o início de sua atuação, implementou o seguro grátis a todos os viajantes", finalizou a empresa.