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Por que choveu tanto em São Paulo nos últimos dias?

Chuva atingiu várias regiões de São Paulo nos últimos dias, como a própria capital - 30.jan.2022 - Aloísio Maurício /Fotoarena/Estadão Conteúdo
Chuva atingiu várias regiões de São Paulo nos últimos dias, como a própria capital Imagem: 30.jan.2022 - Aloísio Maurício /Fotoarena/Estadão Conteúdo

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

31/01/2022 14h27

Uma ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) é a explicação para as fortes chuvas que atingiram o estado de São Paulo nos últimos dias. Até o começo da tarde desta segunda-feira, ao menos 24 pessoas morreram por causa de acidentes em decorrência das chuvas.

"Tivemos um evento desse na Bahia. Depois, em Minas Gerais. E, agora, se posicionou um pouco mais abaixo", explica Adilson Nazário, técnico em meteorologia do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência) da Prefeitura de São Paulo.

Uma frente fria associada a um corredor de umidade e chuva levou ao cenário visto nos últimos dias. E, como há uma área de baixa pressão na costa de São Paulo nesse momento, a ZCAS caminhou pelo estado.

"É como se fosse uma bola que você joga numa montanha. Ela vai rolando para baixo. Então ela veio para São Paulo, até chegar no oceano", diz Helena Turon Balbino, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). "Foi como uma esteira, transportando calor e umidade."

De acordo com Balbino, a frente fria que avançou pelo Brasil a partir do Uruguai e Argentina fechou uma baixa pressão no oceano Atlântico, próximo ao litoral do Paraná, na sexta-feira (28). "Essa baixa pressão deu suporte a um novo sistema atmosférico, outro episódio da ZCAS, que atuou de sexta-feira e durante o final de semana."

ZCAS e a chuva forte

Segundo a meteorologista, "a ZCAS está associada com uma sequência de dias chuvosos que em muitas ocasiões provocam episódios de chuva extrema".

Nazário complementa, dizendo que a zona "é uma coisa normalíssima". "A ZCAS, quando fica parada, ela traz muita chuva. Claro, ela beneficia muito reservatório, mas traz muito problema para região urbana, com encostas. Porque tem um acumulado muito grande, e essa chuva vai entrando no solo, e culmina com deslizamento", diz Nazário.

Os meteorologistas explicam que, com as ZCAS, há chuvas intensas em um período concentrado, geralmente, de quatro, cinco dias.

A cidade de São Paulo, que até então estava abaixo da média antes das chuvas de sexta-feira (28), chegou à segunda-feira (31) acima da média. Foram 100 milímetros de chuva entre sexta e domingo, segundo o CGE.

Essa quantidade é praticamente 40% do que era esperado para o mês de janeiro inteiro: 255,7 milímetros. Na manhã de segunda (31), a média estava na casa de 286 milímetros.

Média de chuva na capital, segundo o CGE

  • Sexta (28): 30,1 milímetros
  • Sábado (29): 39,4 milímetros
  • Domingo (30): 30,5 milímetros

Mais chuvoso em 5 anos

Este mês de janeiro foi o mais chuvoso desde 2017 na capital, quando a cidade registrou 375,7 milímetros. Na série histórica do CGE, iniciada em 1995, o janeiro com maior quantidade de chuva foi o de 2010, com 464,9 milímetros.

Segundo o Inmet, cidades como Barueri, Marília e Barretos também ficarão acima da média em janeiro.

Para os próximos dias, a chuva diminui, mas não para, segundo os meteorologistas. A temperatura também não será tão alta, como aconteceu nos últimos dias. "Tivemos 16 dias com muito calor. Depois desse calor, o tempo veio mudando porque chegou essa frente fria, rompeu esse bloqueio", explica Nazário.