Irmã de paciente ironizada critica estudante: 'Imagina quando for médica'
A irmã de Lenilda Silva, paciente ironizada por uma estudante de medicina ao dar entrada em um hospital de Marechal Deodoro (AL), criticou a postura comparitlhada em redes sociais, que reclamou de ter que atender a mulher já no final de seu plantão. "Morreu e eu não dormi", postou a estagiária.
O caso aconteceu na terça-feira (8), na Unidade Mista Dr. José Carlos de Gusmão, onde a paciente deu entrada com suspeita de infarto e morreu momentos depois. Vilma Leite, irmã da paciente, declarou à TV Pajuçara, afiliada da RecordTV no estado, que a culpa pela morte da familiar também é da estudante, por sua falta de vontade ao atendê-la.
"Acho isso errado, ela não sabia que era o plantão dela? Não sabia que ia trabalhar à noite? Qual o (trabalho) dela? Atender as pessoas direito. Se ela, como uma estudante de medicina está fazendo isso, imagina quando for uma médica. Acho que ela vai matar muito paciente desse jeito. Porque queira ou não a culpa também é dela, se fosse a mãe dela, ou uma irmã, uma tia, um parente ou algum amiguinho dela, eu garanto que ela não tinha feito isso, ela tinha corrido logo pra atender o chamado médico", declarou Vilma, ao canal local.
A estudante, que não teve o nome divulgado, é aluna de uma faculdade particular da capital de Alagoas, o Cesmac (Centro de Estudos Superiores de Maceió). Ela foi desligada do estágio e está suspensa das atividades acadêmicas por pelo menos seis meses.
Em uma primeira publicação que fez no Instagram, por meio dos stories direcionados à lista de melhores amigos, a estudante reclamou: "Faltando 10 min para minha hora de dormir, chega mulher infartando e com edema agudo de pulmão, e agora já passou 1h30 da minha hora de dormir, tô p***".
O texto é acompanhado de uma foto, que expôs dados pessoais da paciente e os procedimentos médicos adotados.
Já na postagem seguinte, em formato de selfie, a universitária escreveu: "Atualizações: a mulher morreu e eu não dormi".
O print, em tom de deboche, logo passou a circular em grupos de aplicativos de mensagem. Após a repercussão, a estagiária desativou a conta na rede social.
O UOL tenta ouvir a versão da estudante, mas não conseguiu localizá-la até a publicação da reportagem, devido à falta de identificação. O texto será atualizado caso haja eventual manifestação.
A irmã da paciente destacou que a família pretende acionar judicialmente os responsáveis pela exposição de Lenilda e reclamar também da suposta demora no atendimento a ela, relatada pelo filho da mulher. Uma filha da vítima que vive em São Paulo também está viajando até Alagoas para acompanhar os trâmites ligados ao caso.
"A família está em choque, inclusive a filha dela está vindo de São Paulo, pelo que eu soube, e já estão movendo uma ação, com advogado e tudo. Porque é uma coisa triste você chegar em uma emergência e não ser socorrida de imediato, você ainda passar muito tempo sentada em uma cadeira. Se é emergência, quando a pessoa chega tem que ser atendida rapidamente", argumentou.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Marechal Deodoro informou que, tão logo tomou conhecimento do episódio, solicitou o imediato desligamento da acadêmica do quadro de estagiários do município. Segundo a pasta, a jovem é oriunda de um convênio firmado entre a prefeitura e o Cesmac, onde a jovem é matriculada.
"A Secretaria lamenta o ocorrido e reafirma seu compromisso focado na humanização e respeito ao cidadão em todas as nossas unidades de saúde", diz.
Procurada, a Polícia Civil não respondeu se a família da paciente já registrou boletim de ocorrência sobre o caso. Também procurado, o Cremal (Conselho Regional de Medicina de Alagoas) não se pronunciou.
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