Topo

Esse conteúdo é antigo

Petrópolis: Queria ter feito mais, diz prefeito em 4º mandato

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/02/2022 20h52Atualizada em 18/02/2022 22h24

Em seu quarto mandato como prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo (PSB) declarou hoje à noite (18) que gostaria de ter feito mais pela prevenção a desastres na cidade. A declaração foi dada durante a primeira entrevista coletiva convocada por ele após a tragédia que matou mais de 130 pessoas em razão das fortes chuvas na região serrana do Rio de Janeiro. Bomtempo assumiu a prefeitura em 2001, 2005, 2013 e no fim de 2021, após decisão judicial.

"Queria ter feito mais? Queria. Claro que sim. Só que muitas vezes você não consegue fazer tudo o que você quer. Afinal de contas, a gente tem as nossas limitações. Isso faz parte do processo", disse Bomtempo, que mais cedo participou da entrevista coletiva concedida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Conforme mostrou reportagem do UOL, desde 2017 a Prefeitura sabia de 15 mil imóveis em risco na área da tragédia. Bomtempo, que já foi prefeito de Petrópolis em outras três ocasiões (2001-2004, 2005-2008 e 2013-2016) declarou que está há pouco tempo no cargo e que não irá julgar as gestões de seus antecessores.

"Eu cheguei agora na prefeitura. Eu fiquei 5 anos fora. Eu não vou ficar aqui julgando meus antecessores. Não vou fazer isso. Ele [jornalista] me perguntou o que eu fiz, o que o Paulo fez, eu fui claro, transparente, a melhor coisa que tem."

Questionado pela reportagem do UOL sobre a condição no Morro da Oficina, onde mais de 80 casas foram atingidas, Bomtempo declarou que o governo federal autorizou a regularização fundiária na região. Ele acrescentou que isso será feito com dinheiro público por meio de emenda parlamentar.

O relatório de 2017 aponta que na região do Morro da Oficina, eram 729 casas em perigo, sendo 249 no nível mais alto de risco. Desconversando sobre a pergunta, o prefeito argumentou que a ocupação do Morro da Oficina foi realizada por funcionários da ferroviária após o fim da passagem da rede pela região em 1966.

"Você deve ter percebido que diversas barreiras que caíram aconteceram, e foram deslizamentos importantes que aconteceram, inclusive, em área de vegetação. Que fizeram aquela massa corrida que foi fatal para aquelas pessoas que estavam ali há aproximadamente 60 anos."

Após o governador Cláudio Castro (PL) prometer realocar pessoas que vivem em áreas de risco, Bomtempo disse que será necessário elaborar um projeto para viabilizar isso.

"A gente tem que ter projeto e muita conversa com a população, porque falar que vai remover uma pessoa da sua própria casa, depois de alguns anos, é fácil demais. Na prática, você precisa saber se a pessoa não tem direito também de ser ouvida", disse.

Recursos para Natal e publicidade superam contenção de encostas

A prefeitura reservou, no ano passado, mais recursos para gastar com luzes de Natal e publicidade do que com contenção de encostas.

Levantamento feito pelo UOL no Portal da Transparência do município mostra que foram empenhados —ou seja, reservados para pagamento, mas não necessariamente investidos—, em 2021, R$ 2,107 milhões em obras de prevenção de queda de barreiras. Somados, os recursos para propaganda (R$ 4,426 milhões) e a iluminação de fim de ano (R$ 1,105 milhão) foram, por sua vez, de R$ 5,531 milhões, mais que o dobro.

O portal informa o valor reservado, mas não o que foi efetivamente gasto. A prefeitura de Petrópolis não se manifestou a respeito dos investimentos até o fechamento da reportagem.

Para se ter uma ideia, o valor destinado à "iluminação cênica, ornamental e decorativa para o Natal Imperial 2021" supera os recursos para obras de contenção no 1º Distrito — o mais afetado pelas chuvas— relacionados diretamente ao mapeamento realizado pelo Plano Municipal de Redução de Riscos. Foram reservados apenas R$ 940,4 mil para esses serviços.