Petrópolis: Sem bombeiros, pai faz mutirão por jovem desaparecido em ônibus
A família de Gabriel Vila Real da Rocha, 17, faz na manhã de hoje (19) um mutirão em busca do jovem que desapareceu no temporal de terça-feira (15) em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.
O pai, Leandro da Rocha, 49, afirma que os bombeiros não fizeram buscas pelos desaparecidos dos ônibus. Por isso, ele recolheu alguns materiais e saiu pelas margens do rio. Procurado pelo UOL, um dia após a publicação da reportagem o Corpo de Bombeiros informou que "realizou varredura ao longo de todo curso do rio, logo após o nível da água ter baixado, no dia 15".
"Na própria terça-feira, foram encontradas algumas vítimas dessa mesma ocorrência", diz nota da corporação. O texto ainda afirma que os bombeiros trabalham no monitoramento do fluxo e terrestre, para localizar outras vítimas.
Gabriel foi flagrado em cima de um dos ônibus arrastados pela correnteza do rio que corta a cidade e reconhecido graças às imagens. Desde então, parte da família vai diariamente ao IML (Instituto Médico Legal) e hospitais em busca de notícias do rapaz.
"Enquanto não há corpo, há esperança", diz o irmão Wallace Vila Real, 20. Com uma corda no ombro e um facão na mão, Wallace se uniu ao pai e ao tio para descer pelo rio e buscar pistas.
Ele confessa que estava desesperançoso quando viu as imagens do irmão sumindo na água, mas, com o apoio da família e amigos, decidiu organizar o mutirão.
Leandro tem esperanças de encontrar o filho, por isso caminha com atenção e desce ao rio quando julga necessário. "Ele pode estar com vida, milagres acontecem", diz, enquanto caminha pela margem.
Sobre a ausência dos bombeiros, ele diz que respeita o momento e a necessidade de ação em outros pontos da cidade, mas queria mais atenção das autoridades.
"Queriam que fossem um pouco mais prestativos com a dor da gente. Eu não estou julgando, sei que está todo mundo envolvido e correndo atrás, mas tem que haver distribuição da busca", diz.
Leandro, Wallace e os outros voluntários que vieram até de outros estados não têm os materiais necessários.
Camila da Rocha, irmã de Gabriel, teme que algum familiar se machuque. Ela faz coro com o pai — ao pedir ajuda aos bombeiros — e diz compreender que há mais pessoas desaparecidas em outros pontos, mas alerta: "Aqui também tem família".
A jovem completou 25 anos na quarta-feira (16), um dia após o desaparecimento do irmão. Enquanto se divide entre a esperança de encontrá-lo e a apreensão da falta de notícias, de uma coisa tem certeza: "eu nunca mais vou ter um aniversário feliz".
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