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Petrópolis: Sem bombeiros, pai faz mutirão por jovem desaparecido em ônibus

Lola Ferreira

Do UOL, em Petrópolis

19/02/2022 11h51

A família de Gabriel Vila Real da Rocha, 17, faz na manhã de hoje (19) um mutirão em busca do jovem que desapareceu no temporal de terça-feira (15) em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.

O pai, Leandro da Rocha, 49, afirma que os bombeiros não fizeram buscas pelos desaparecidos dos ônibus. Por isso, ele recolheu alguns materiais e saiu pelas margens do rio. Procurado pelo UOL, um dia após a publicação da reportagem o Corpo de Bombeiros informou que "realizou varredura ao longo de todo curso do rio, logo após o nível da água ter baixado, no dia 15".

"Na própria terça-feira, foram encontradas algumas vítimas dessa mesma ocorrência", diz nota da corporação. O texto ainda afirma que os bombeiros trabalham no monitoramento do fluxo e terrestre, para localizar outras vítimas.

Gabriel foi flagrado em cima de um dos ônibus arrastados pela correnteza do rio que corta a cidade e reconhecido graças às imagens. Desde então, parte da família vai diariamente ao IML (Instituto Médico Legal) e hospitais em busca de notícias do rapaz.

"Enquanto não há corpo, há esperança", diz o irmão Wallace Vila Real, 20. Com uma corda no ombro e um facão na mão, Wallace se uniu ao pai e ao tio para descer pelo rio e buscar pistas.

Ele confessa que estava desesperançoso quando viu as imagens do irmão sumindo na água, mas, com o apoio da família e amigos, decidiu organizar o mutirão.

Leandro tem esperanças de encontrar o filho, por isso caminha com atenção e desce ao rio quando julga necessário. "Ele pode estar com vida, milagres acontecem", diz, enquanto caminha pela margem.

Leandro da Rocha busca filho de 17 anos, Gabriel Vila Real da Rocha, desaparecido após temporal em Petrópolis - Lucas Landau/UOL - Lucas Landau/UOL
Leandro da Rocha busca filho de 17 anos, Gabriel Vila Real da Rocha, desaparecido após temporal em Petrópolis
Imagem: Lucas Landau/UOL

Sobre a ausência dos bombeiros, ele diz que respeita o momento e a necessidade de ação em outros pontos da cidade, mas queria mais atenção das autoridades.

"Queriam que fossem um pouco mais prestativos com a dor da gente. Eu não estou julgando, sei que está todo mundo envolvido e correndo atrás, mas tem que haver distribuição da busca", diz.

Leandro, Wallace e os outros voluntários que vieram até de outros estados não têm os materiais necessários.

Camila da Rocha, irmã de Gabriel, teme que algum familiar se machuque. Ela faz coro com o pai — ao pedir ajuda aos bombeiros — e diz compreender que há mais pessoas desaparecidas em outros pontos, mas alerta: "Aqui também tem família".

A jovem completou 25 anos na quarta-feira (16), um dia após o desaparecimento do irmão. Enquanto se divide entre a esperança de encontrá-lo e a apreensão da falta de notícias, de uma coisa tem certeza: "eu nunca mais vou ter um aniversário feliz".