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Dois meses após cratera, empresa limpa túneis para avaliar tatuzões

Marginal: Com cratera fechada, via central é liberada; veja antes e depois -
Marginal: Com cratera fechada, via central é liberada; veja antes e depois

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

03/04/2022 04h00

Dois meses após o acidente na Linha 6-Laranja do Metrô que abriu uma cratera na Marginal Tietê, em São Paulo, a Acciona, empresa responsável pelas obras, terminou de drenar o esgoto que invadiu os túneis e deixou submersas duas máquinas responsáveis pela escavação, os chamados tatuzões.

Segundo o governo de São Paulo, a concessionária, agora, fará a limpeza do túnel e do maquinário para conseguir analisar as condições dos dois equipamentos, e saber quando os trabalhos poderão ser retomados. O tatuzão é um maquinário de 109 metros de comprimento, dez metros de diâmetro e peso de duas mil toneladas.

No momento do acidente, no dia 1º de fevereiro, um deles estava em funcionamento e o outro, ainda em fase de montagem. Uma galeria de esgoto da Sabesp se rompeu, e inundou o túnel. A tubulação foi desviada, ainda na semana do acidente, e o local, aterrado. Mesmo assim, o nível de esgoto na obra continuou aumentando. A empresa, então, injetou novas camadas de concreto para estancar o líquido e escoá-lo completamente. Após a conclusão do trabalho, as duas faixas restantes da pista local da Marginal foram liberadas para veículos no dia 25 de março.

Maquete do Tatuzão da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo - Guilherme Bessa/Divulgação - Guilherme Bessa/Divulgação
Maquete do Tatuzão da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo
Imagem: Guilherme Bessa/Divulgação

"Nos próximos dias, a concessionária fará uma limpeza profunda nos poços e túneis, com produtos certificados pela CETESB, e dará início às análises das condições das tuneladoras", afirmou a secretaria de Transportes, em nota.

Ao UOL, o secretário de Transportes, Paulo Galli, disse que a empresa está comprando equipamentos eletrônicos para substituir toda parte estragada pelo vazamento.

Procurada, a Acciona não deu detalhes dos trabalhos. "Por enquanto, não temos novidades a respeito da limpeza e análise das tuneladoras", escreveu a empresa contratada pelo governo paulista.

O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) foi acionado para investigar as causas do acidente pela gestão do ex-governador João Doria (PSDB), que ontem renunciou ao cargo para se candidatar à Presidência da República.

O contrato com o instituto, no entanto, ainda não foi assinado. A Secretaria dos Transportes Metropolitanos, no entanto, defende-se afirmando que "a não assinatura do contrato não impediu o avanço dos trabalhos".

"Profissionais do Instituto já estiveram no local em vistorias técnicas, participaram de reuniões de trabalho e tiveram acesso a todas as informações necessárias para a realização do trabalho. A STM está em fase final dos trâmites para a formalização do contrato junto ao IPT", informou a pasta, em nota.

Não há uma data definida para a conclusão do relatório final do IPT sobre as causas do acidente, segundo o governo estadual. A entrega da obra da nova linha do metrô está prevista para 2025. O prazo, até o momento, segue inalterado, ainda de acordo com a gestão estadual.