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Após fuga, casal suspeito de torturar filho de 11 anos em SP é preso em MG

Menino de 11 anos tem diversas marcas pelo corpo que seriam das agressões - Reprodução/ Facebook
Menino de 11 anos tem diversas marcas pelo corpo que seriam das agressões Imagem: Reprodução/ Facebook

Do UOL, em São Paulo

10/05/2022 11h11Atualizada em 10/05/2022 11h11

O pai e a mãe do menino de 11 anos encontrado com sinais de tortura e maus-tratos em Itu (SP) foram capturados na casa de amigos em Minas Gerais. Eles tiveram a prisão preventiva expedida em São Paulo depois que a criança fugiu de casa e denunciou os abusos para vizinhos, no último dia 2 de maio, e desde então estavam foragidos. Segundo um tio do menino, além de procurados pela polícia, eles eram alvo do "tribunal do crime" do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo informações da Polícia Civil de Minas Gerais, o casal foi preso em Uberlândia e encaminhado ao sistema prisional da cidade, na sexta-feira (6). O homem, de 32 anos, e a mulher, de 27, fugiram levando o filho caçula, de 3 anos, mas as autoridades mineiras não forneceram mais informações sobre o estado do menor.

O UOL tenta contato com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para apurar detalhes sobre a transferência do casal.

Segundo as investigações, o filho mais velho dos suspeitos sofria violência física e psicológica praticada pelos pais há pelo menos cinco anos.

O Conselho Tutelar afirma que recebeu a denúncia sobre as agressões na segunda-feira, 2 de maio, e foi até o local indicado para resgatar a criança. O menino conseguiu fugir da residência da família e relatou as agressões sofridas para um amigo. No mesmo dia, o pai teria ameaçado "cortar os seus dedos" com um facão depois que o garoto pediu R$ 4 para comprar pão de queijo.

O colega em questão comunicou o caso a moradores vizinhos, responsáveis por acionar a polícia.

A criança teria relatado às pessoas que o encontraram que sofria agressões físicas, psicológicas e até mesmo privação alimentar na casa onde morava com os pais, no bairro Vila da Paz.

Ainda segundo o relato da criança, para que vizinhos não ouvissem os seus gritos, o pai o levava para uma casa abandonada. Ele disse ainda que tinha medo de ir para um abrigo caso os pais fossem presos, o que o inibia de denunciar os episódios.

O menino foi acolhido pelo Conselho Tutelar e está sob a tutela do estado. Ele fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba (SP) para avaliar os ferimentos.

Segundo a Polícia Civil, o pedido de prisão preventiva dos pais foi qualificado como tortura, lesão corporal e abandono de incapaz. O caso corre em segredo de Justiça.

Marcas de agressão

No bairro Vila da Paz, onde a família da criança reside, moradores relatam que o menino quase não era visto brincando pelo bairro e que frequentemente tinha marcas de agressão. Quando ele era questionado sobre os machucados, dizia ser devido a quedas.

"Ele vinha aqui frequentemente. Entrava, pegava o que precisava e já saia. Ele não conversava e dificilmente olhava no nosso rosto, sempre estava de boné e parecia estar triste. Quando a gente perguntava sobre os machucados, que eram principalmente no rosto, ele falava que havia caído da árvore, de bicicleta, sempre tinha uma desculpa", relata uma comerciante do bairro, que pediu para não ter o nome divulgado.

Ainda segundo a mulher, os pais da criança também frequentavam o local.

"A mãe era de poucas palavras, mas o pai sempre muito simpático. A gente imaginava que o menino apanhasse de maneira exagerada da mãe, mas não que era torturado daquela forma tão cruel", diz a mulher.