RJ: Perito morto por militares foi jogado ainda com vida em rio e se afogou
De acordo com um laudo da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o perito Renato Couto, 41, foi jogado vivo no Rio Guandu, na Baixada Fluminense, após ser baleado, em uma emboscada feita pelo dono de um ferro velho, por dois sargentos e um cabo da Marinha.
A causa da morte dele foi asfixia por afogamento, mas, ainda segundo a perícia, Renato também apresentou uma hemorragia causada pelos tiros que levou.
O corpo do papiloscopista, desaparecido desde a sexta-feira (13), foi encontrado na manhã de hoje no rio, na altura de Japeri, na Baixada Fluminense.
O crime foi confessado pelos três militares à polícia. Segundo eles, o desentendimento começou após Renato identificar que alguns materiais da sua obra teriam sido furtados e vendidos a um ferro-velho, na região da Praça da Bandeira, na zona norte do Rio.
No local, ele discutiu com o dono do espaço, identificado como Lourival Ferreira Lima. O homem teria acordado com o perito que ele voltasse em outro momento para ser ressarcido. No entanto, na sexta-feira, por volta das 15h, ele foi surpreendido pelo filho de Lourival, Bruno Santos Lima, e outros dois colegas dele — Manoel Vitor Silva e Darios Fideles Mota -, todos militares da ativa da Marinha.
Ainda segundo a Polícia Civil, o perito foi agredido com um mata-leão e baleado ao menos duas vezes. Ele foi colocado ainda no veículo da Marinha e levado para o Rio Guandu, onde foi arremessado.
Crime chocante
Um amigo da vítima, que pediu para não ser identificado, acredita que o crime tenha sido premeditado.
Ele foi até lá, chegou a discutir com o dono do ferro-velho e eles chegaram a um acordo. Ficou acertado que o Renato voltaria depois, mas quando ele chegou lá, como combinado, sofreu uma emboscada.
Os quatro foram presos por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Ao UOL, o diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital, delegado Antenor Lopes, afirmou que os envolvidos confessaram o crime e foram reconhecidos por testemunhas que presenciaram o fato. Segundo ele, os militares ainda lavaram duas vezes o carro — na tentativa de eliminar os resquícios de sangue.
"Trata-se de um crime bárbaro, chocante. A gente lamenta que militares das Forças Armadas tenham se envolvido nisso. Eles tentaram ainda lavar o carro após a desova do corpo. Lavaram duas vezes: uma em um lava a jato perto do local, em Austin, Nova Iguaçu [Baixada Fluminense] e outra na garagem do próprio distrito naval, onde os três serviam. Chegaram a usar cloro", afirmou o delegado Antenor Lopes
O que diz a Marinha
Procurada, a Marinha informou através de nota que "os militares envolvidos foram presos em flagrante pela polícia e responderão pelos seus atos perante a Justiça".
A instituição informou também que está colaborando com os órgãos responsáveis pela investigação e que abriu um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias da ocorrência. O UOL busca a defesa dos acusados. O texto será atualizado em caso de retorno.
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