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Tenório: Sem filmagens, teríamos guerra de narrativas no 'caso Genivaldo'

Colaboração para o UOL

27/05/2022 08h54Atualizada em 27/05/2022 09h45

Na avaliação do escritor Jeferson Tenório, colunista do UOL, as filmagens da morte de Genivaldo de Jesus Santos, em Sergipe, contribuíram para que a causa da morte fosse revelada à sociedade e uma guerra de narrativas fosse evitada.

"Fico pensando se não tivesse sido filmado, se não tivéssemos acesso ao que aconteceu, porque a nota da PRF (Polícia Rodoviária Federal) foi cínica. Se não tivessem as filmagens teríamos uma guerra de narrativas", afirmou, durante o UOL News hoje.

Genivaldo, um homem negro, foi morto asfixiado dentro de uma viatura, transformada em uma câmara de gás improvisada por policiais rodoviários federais na última quarta-feira (25). Imagens gravadas com câmera de celular registraram a ação.

"Causa uma profunda indgnação porque a gente já sabe que essas violências elas fazem parte do cotidiano das pessoas negras. Talvez o maior projeto de nação que deu certo foi a violência", acrescentou o vencedor do prêmio Jabuti 2021, com o romance "O Avesso da Pele".

A morte de Genivaldo

Ontem, Genivaldo morreu depois de ser submetido a uma ação truculenta da PRF. Segundo testemunhas, ele foi abordado na tarde de ontem em uma blitz na rodovia BR-101, enquanto pilotava uma motocicleta. Imagens de um vídeo gravado por uma pessoa que presenciou a cena mostram que a ação começa com três agentes que se lançam sobre o homem, na tentativa de imobilizá-lo, ao encontrar uma cartela de remédios com ele.

Em outro vídeo que também circulou nas redes sociais, é possível ver o momento em que Santos é mantido preso no porta-malas da viatura da PRF por dois agentes da corporação.

Pelas frestas da porta traseira, mantida semifechada, é possível ver fumaça escapando, enquanto se pode ver, na parte de baixo, as pernas do homem balançando em desespero, enquanto ele grita no interior da viatura.

Em alguns momentos, um dos policiais tenta segurar as pernas de Santos, enquanto o outro continua a bombear gás para dentro da viatura por uma das frestas.