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Bruno abordou no passado pescador suspeito de participar do desaparecimento

Vídeo mostra momento de abordagem a Amarildo, o Pelado, no Vale do Javari - Reprodução
Vídeo mostra momento de abordagem a Amarildo, o Pelado, no Vale do Javari Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

15/06/2022 17h34Atualizada em 15/06/2022 17h54

Um vídeo divulgado pela rede de TV Al Jazeera mostra uma abordagem de vigilantes indígenas, incluindo o indigenista Bruno Pereira, a uma embarcação de Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, no Vale do Javari. As imagens, nas quais eles alertam o pescador sobre a proximidade de uma terra indígena, foram gravadas há alguns meses.

O pescador diz que "não tem nada a ver com indígena, não". E diz para o grupo "tomar seu rumo". As imagens são da equipe formada pela repórter brasileira Monica Yanakiew e o cinegrafista francês Jules Guepratte, e foram publicadas nas redes sociais pela plataforma Headline.

"Essa área toda aqui é zona da pesca. Tu sabes disso. Essa área toda aqui é da comunidade. Tem nada a ver com indígena, não. Vai tomar teu rumo aí", diz.

Amarildo afirmou à Polícia Federal que esquartejou e enterrou os corpos do servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio), e do jornalista Dom Phillips, que trabalhava para diversas publicações, entre elas o The Guardian. A dupla está desaparecida na Amazônia desde o dia 5 de junho.

Segundo fonte da PF ouvida pelo UOL, porém, o pescador negou ter atirado na dupla. Pelado disse que recebeu os corpos queimados, mas de forma que seria possível identificá-los.

Hoje, a PF levou um dos suspeitos até o local das buscas. Em nota enviada pelo comitê de crise coordenado pela corporação, foi confirmada a continuidade das buscas e também os trabalhos de perícia. "Há previsão de conclusão de parte das análises periciais ainda [hoje]".

A Polícia Federal prendeu ontem Oseney da Costa de Oliveira, 41, segundo suspeito de envolvimento no sumiço. Ele é irmão de Amarildo, preso em flagrante no dia 7 deste mês por porte de munição de uso restrito.

A prisão temporária dele foi decretada por suspeita de envolvimento no desaparecimento após agentes encontrarem vestígios de sangue no em seu barco. Testemunhas disseram que o pescador seguia de lancha a embarcação de Bruno e Dom.

Onde o indigenista e o jornalista desapareceram - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Durante as buscas dos últimos dias, bombeiros mergulhadores encontraram uma série de pertences do indigenista e do jornalista inglês. Entre os itens estavam: um cartão de saúde, uma calça preta, um chinelo preto e um par de botas pertencentes a Bruno e um par de botas de Dom. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a mochila estava amarrada a uma árvore, em uma área de igapó.

Bruno alertou para risco de vida no Javari

O indigenista Bruno Araújo Pereira enviou uma mensagem no dia 31 de maio alertando que "corria risco de vida" devido a uma reunião agendada para 5 de junho, último dia em que ele e o colega foram vistos. O encontro do indigenista seria com Amarildo da Costa de Oliveira, mas não teria ocorrido.

À Polícia Federal, Eliésio Marubo, procurador do Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), reforçou que Bruno contou para ele sobre o suposto perigo. Em uma mensagem de texto, Bruno teria dito que a reunião poderia "dar algum problema".