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Calejon: Mortes de Bruno e Dom causam estrago para Bolsonaro e o Brasil

Colaboração para o UOL, em Maceió

16/06/2022 19h13

O colunista do UOL Cesar Calejon avaliou que a repercussão das mortes do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira causa um "estrago considerável" não apenas para a imagem do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas, também, para o Brasil a nível internacional.

Durante o UOL News, Calejon pontuou que "a proporção que esse caso ganhou é incomensurável", com as mortes do jornalista e do indigenista tendo repercussão em todos os principais noticiários do mundo. "Sem dúvida causa um estrago considerável não só para o governo Bolsonaro, mas, infelizmente, para o Brasil", disse.

"[Esse crime] tem um custo altíssimo para o governo Bolsonaro em todos os sentidos. Isso vai ter um impacto imenso na forma como o Brasil se relaciona com a União Europeia, na forma como o Brasil é percebido pela sociedade internacional de forma mais ampla. O alto comissariado da ONU [Organização das Nações Unidas] já se posiciona de forma enfática, você teve diversos parlamentares europeus dizendo que isso vai comprometer a relação do Brasil com a União Europeia, que comprometerá a composição do Mercosul", avaliou Calejon.

Por fim, o colunista lembrou que durante todo sua gestão Bolsonaro adotou uma postura negacionista, inclusive na questão ambiental. Por isso, salientou Cesar, há "dados materiais e históricos que demonstram o quão deletéria foi a atuação do governo Bolsonaro principalmente para essa região da Amazônia".

"Você tem dados da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas que mostram que o número de execuções saltou de 14 em 2019 para 85 em 2021, um aumento de 507%, um aumento de desmatamento das terras indígenas que cresceu 138% nesse período. Bolsonaro disse que ia dá foiçada e teria que ser no pescoço da Funai. A atuação do governo foi nociva principalmente para essa região amazônica", completou.

Crime

A Polícia Federal afirmou em entrevista coletiva na noite desta quarta-feira (15) que o pescador Amarildo da Costa Oliveira, também conhecido como "Pelado", confessou que matou e enterrou os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian, na região do Rio Javari (AM). A informação foi confirmada por Eduardo Alexandre Fontes, superintendente regional da PF no Amazonas.

Amarildo foi preso em flagrante no dia 7, por porte de munição de uso restrito. Segundo Fontes, o pescador confessou na noite de terça-feira (14), voluntariamente, a autoria do duplo homicídio, e contou com detalhes a dinâmica do crime. De acordo com o relato de Amarildo, Bruno e Dom Phillips teriam sido mortos por arma de fogo —informação que ainda precisa ser confirmada pela perícia.

Nesta quarta, com a ajuda do próprio Amarildo, as forças de segurança do Amazonas encontraram restos humanos enterrados em uma região remota, mais de três quilômetros mata adentro. A PF informou que o material orgânico será enviado para análise nesta quinta-feira (16), com o objetivo de confirmar a identificação.

A Polícia Civil não descarta a possibilidade de outras pessoas estarem envolvidas no crime. Além de Amarildo, o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, está preso, e, segundo a PF, há um terceiro investigado. "Existe a possibilidade de decretação de outras prisões", afirmou o delegado Guilherme Torres.

Logo após as declarações da PF, Alessandra Sampaio, esposa de Dom Phillips, se manifestou sobre o caso. "Embora ainda estejamos aguardando as confirmações definitivas, este desfecho trágico põe um fim à angústia de não saber o paradeiro de Dom e Bruno. Agora podemos levá-los para casa e nos despedir com amor", afirmou.

Hoje, Jair Bolsonaro se manifestou sobre os assassinatos nas redes sociais ao postar uma mensagem de lamento. "Nossos sentimentos aos familiares e que Deus conforte o coração de todos", escreveu.

Em comunicado duro, a ONU cobrou das autoridades brasileiras a realização de investigações imparciais sobre o crime, criticou a violência e pediu um reforço da Funai e do Ibama como forma de lutar contra as invasões de terras indígenas.

Essa é a terceira crítica ou cobrança direta ao governo de Jair Bolsonaro (PL) por parte da ONU em menos de uma semana, algo raramente visto.

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